Avaliação da pós-graduação no Paraná
- O Diário do Norte do Paraná
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No Brasil, o Sistema Nacional de Avaliação da Pós-Graduação, coordenado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), órgão do Ministério da Educação, foi implantado em meados dos anos 70. Este sistema cumpre papel fundamental para o desenvolvimento da pós-graduação e da pesquisa científica e tecnológica no país.
Baseia-se no acompanhamento anual e na avaliação trienal de todos os cursos de mestrado e doutorado das Instituições de Ensino Superior (IES) brasileiras.
A cada curso é atribuída uma nota, de 1 a 7. Os cursos de mestrado, para iniciar o funcionamento precisam receber a nota 3 e os de doutorado nota 4. Os cursos nota 5 são considerados muito bons e os 6 e 7 são os de excelência, por possuírem inserção internacional.
O Paraná vive uma realidade muito diferente dos outros Estados da Região Sul. Sendo a quinta economia do País, o que o coloca em condições de igualdade inclusive com alguns países europeus, em relação aos cursos de mestrado e doutorado, é o único dos três Estados que não possui nenhum curso nota 7.
Além disso, possui apenas três cursos nota 6 (dois na UEM e um na UFPR). Existem, ainda, 37 cursos nota 5 no Estado. De um total de aproximadamente 260 programas de pós-graduação, o Paraná possui apenas 1% de cursos com nível de excelência e pouco mais de 14% de cursos muito bons. Esta média é muito inferior à nacional. O restante dos cursos do Estado (aproximadamente 220 cursos) possui nota 3 ou 4.
O Plano Nacional de Pós-Graduação 2011-2020 prevê a expansão da pós-graduação no país. Como a avaliação é trienal, para subir de conceito é preciso, para um curso nota 3, por exemplo, pelo menos seis anos para chegar ao conceito 5, considerando que fique apenas uma avaliação com nota 4.
Obviamente, essa situação é rara e, geralmente, são necessários seis ou até mesmo nove anos para subir de conceito. Isto significa que por muitos anos o Paraná ainda terá que convier com esta condição desfavorável. Só para que o leitor possa ter clareza, Santa Catarina possui três programas nota 7 e o Rio Grande do Sul, 13.
Parece óbvio que em nosso caso a expansão tenha que se dar muito mais do ponto de vista qualitativo do que quantitativo. Preocupado com o problema, o Conselho Paranaense de Pró-Reitores de Pesquisa e Pós-Graduação vem, já há algum tempo, debatendo o tema, juntamente com outros aspectos que afetam a pesquisa e a pós-graduação no Estado.
Dessa maneira, organiza-se o I Seminário sobre Avaliação da Pós-Graduação no Estado do Paraná. O evento ocorrerá no dia 29, quarta-feira, no campus sede da Universidade Estadual de Maringá – UEM, no auditório do Nupelia, a partir das 8h30.
Participarão reitores, pró-reitores de pesquisa e pós-graduação e coordenadores de curso das IES paranaenses. Também se farão presentes o diretor de Avaliação da Capes, Lívio Amaral; a diretora científica da Fundação Araucária, Janesca Alban Roman; e representantes da Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Paraná (Seti).
É preciso que o governo do Estado do Paraná esteja consciente da
atual situação da sua pós-graduação e, mais do que isso, tome as
devidas providências para que possamos avançar neste item, que é uma
grande referência do grau de desenvolvimento de um povo.
Mauro Ravagnani
Pró-Reitor
de Pesquisa e Pós-Graduação da Universidade Estadual de Maringá,
vice-presidente do Fórum dos Pró-Reitores de Pesquisa e Pós-Graduação
das Instituições de Ensino Superior brasileiras.
http://www.odiario.com/opiniao/noticia/747593/avaliacao-da-pos-graduacao-no-parana/