Há exatamente duas décadas, em 2 de fevereiro de 1998, entrou em serviço a Unidade de Terapia Intensiva Neonatal do Hospital Universitário de Maringá (HUM), ligado à Universidade Estadual de Maringá. O setor, que nasceu da demanda de contribuir para a queda da mortalidade infantil e materna, é uma conquista da população da macrorregião do noroeste do Paraná.
Uma UTI neonatal é uma estrutura que tem como foco o tratamento de bebês de até 28 dias, principalmente, prematuros e de aqueles que apresentam algum tipo de problema ao nascer. Nem sempre os bebês internados estão doentes. Muitas vezes, eles nascem antes da hora e ficam ali até que seu organismo amadureça e se tornem aptos para respirar e sugar.
A primeira coordenadora da UTI Neonatal do HUM, a enfermeira Débora Cristina de Arruda, lembra que a 15ª Regional de Saúde credenciou o Hospital como referência para a gestação de alto risco. No nal da década de 1990, as autoridades de saúde do Paraná estavam preocupadas com as taxas de mortalidade das crianças e das mães nos 30 municípios que fazem parte da regional e de outros tantos da macrorregião noroeste. Desta forma, o governo do Estado e a equipe do HUM começaram um movimento para que a instituição contasse com um ambiente adequado ao atendimento de crianças em risco: de baixo peso, com má formação congênita e prematuras.
"Foi durante a administração da diretora de Enfermagem Inês Catarina Barth Godoy que o setor surgiu no HUM. Entre os primeiros pacientes está um casal de gêmeos. Cada um dos bebês pesava 795 gramas. O menino não conseguiu sobreviver, mas a menina, Beatriz, sim. Ela ficou conosco quase seis meses", lembrou a enfermeira Débora.
O caso de Beatriz foi o ponto de partida para a discussão da dissertação de mestrado de Débora. O trabalho teve como objetivo refletir sobre a importância do apoio da UTI neonatal para a sobrevida das crianças de muito baixo peso, com menos de 1,5 kg, numa época em que a prematuridade oferecia muito risco de morte e de sequelas. A dissertação chamou atenção para o fato de que uma estrutura adequada, com tecnologias e profissionais treinados, é fundamental para o aumento da sobrevida das crianças prematuras, mas também fez um alerta que ajudou a melhorar o serviço: era preciso pensar ações que pudessem ajudar as famílias depois da alta dos bebês. "Vimos que era fundamental preparar a ida das crianças para a casa", acrescentou a enfermeira.