Pesquisa feita pela JGV revela que 38,9% da população que têm algum tipo de prestação mensal consome de 51% até mais de 90% da renda para pagar as prestações. Outros 27%, de 31% a 50% da renda.
Os que conseguem controlar o dinheiro, como recomendado – e comprometem até 30% da renda com parcelas - são 34,1% da população. Para o economista Neio Gualda, da Universidade Estadual de Maringá (UEM), um dos fatores que leva ao endividamento está relacionado à renda baixa.
João Cláudio Fragoso
O cartão de crédito foi o grande vilão da universitária Amanda. Depois de passar da conta, aprendeu a lição
De acordo com a pesquisa, os maiores gastadores são das classes B2, C1 e C2 – com renda entre R$ 962 e R$ 3.946. Nesse caso, “qualquer prestação assumida pela família representa um parte significativa da renda”, diz. Segundo ele, outro fator que tem ligação com o descontrole financeiro está relacionado às facilidades do comércio.
“Quando há oportunidade de comprar em até 24 vezes, por exemplo, o
consumidor tem pequenas prestações, mas acaba agindo compulsivamente.
Passa a assumir outros bens e, quando se dá conta, a soma das
prestações já é muito grande”, explica.
Cautela
Gaulda destaca que o ideal é que a família comprometa no máximo 20% da
renda - principalmente quando paga aluguel -podendo chegar a 30% do
total. No caso das contas superarem o valor da renda, a recomendação é
não contrair novas dívidas para retomar o controle.
Os empréstimos não são alternativas para sair das dívidas na opinião de Gualda. Ele ressalta que pessoas que estão com a renda comprometida e perderam o controle sobre as contas têm restrições no nome.
“Os juros cobrados a quem tem restrições são altos. Além disso, há dados históricos de que, ao conseguir o empréstimo e quitar as dívidas, os consumidores fazem novas dívidas que culminam com o pagamento das parcelas do empréstimo. Vira uma bola de neve”. Ele lembra que os juros do cheque especial também podem consumir parte do salário por causa dos juros elevados.
Se as parcelas estiverem atrasadas e acumuladas, além de evitar novas dívidas, a melhor alternativa é renegociar com o credor. Segundo o economista, nesse caso, os juros são menores em relação aos que seriam aplicados sobre o valor devido.
Gualda salienta que o crédito era mais restrito há alguns anos e, por essa razão, muitas pessoas não sabem utilizá-lo. “Houve uma expansão do crédito e as pessoas não estão sabendo como lidar com novas condições”.
http://www.odiario.com/cidades/noticia/743925/maringaense-precisa-ter-mais-cautela-com-gastos/