Duas instituições de ensino superior em Maringá utilizam animais em pesquisas científicas. Roedores, caprinos, vacas, bois, porcos, galinhas, codornas, peixes, hamsters, leões, tigres, coelhos, cães e gatos são as cobaias. As experiências medem, em geral, a eficiência e o efeito de medicamentos, a resposta do organismo à droga e a incidência de doenças.
São 14 pesquisas científicas em andamento no Centro Universitário de Maringá (Cesumar) e 12 planos de ensino aprovados pelo Comitê de Bioética Animal (Cobac) da instituição. Os cursos que mais fazem pesquisa com animais são Medicina Veterinária, Fisioterapia, Farmácia, Ciências Biológicas, Biomedicina e Psicologia. Cerca de 45 projetos chegam ao comitê, por ano, para avaliação.
O Comitê de Conduta Ética no uso de Animais em Experimentação (Ceae), da Universidade Estadual de Maringá (UEM), analisa, por ano, 52 projetos de pesquisa. A cada reunião mensal entre os membros do comitê, 11, em média, são avaliados. Doze estão em tramitação. A universidade não informou quantos estão em andamento.
A permissão para efetuar uma pesquisa é emitida pelos comitês de ética animal. A decisão dos grupos é construída com base em leis. Entre os pontos analisados, estão o sofrimento do animal durante o experimento, o número de animais proposto e o objetivo do trabalho. As perguntas que fazemos são: O estudo precisa ser feito? A pesquisa realmente requer o uso de animais?, destaca o professor e presidente do Cobac, José Maurício Gonçalves dos Santos.
Os comitês de ética animal recebem o projeto. O pesquisador precisa preencher um formulário e detalhar procedência, espécie e quantidade de animais que serão utilizados; condições de alojamento; alimentação; cuidados quanto à prevenção de lesões, estresse e sofrimento.
Os integrantes do comitê fazem questão de saber também se o animal será privado de água e alimento, se cirurgias serão necessárias e se, ao final do procedimento, será utilizada eutanásia ou abate ou se o animal poderá ser aproveitado. Ao final da pesquisa, comitê emite o certificado ético.
A veterinária e presidente do Ceae, Vânia
Antunes, diz que nenhum pesquisador tem interesse em maltratar os
animais do experimento. Se ele não se preocupar com o bem-estar do
animal, a pesquisa terá sido inválida.Primeiro, vem o bem-estar e
depois a pesquisa. Os animais utilizados em pesquisas na UEM são
produzidos na própria instituição.
Na natureza
Já as espécies usadas no Cesumar têm origem diversa. Os roedores são
comprados em biotérios. Atualmente, 300 deles são utilizados em
pesquisas. Os peixes são coletados em pesqueiros ou na natureza; no
último caso, é preciso autorização do Ibama. Bois, aves, vacas e porcos
são oriundos de abatedouros.
Os cães e gatos que servem de cobaia são pacientes do Hospital Veterinário. O dono traz o animal para ser atendido e, conforme o caso, é inserido no projeto, desde que haja autorização do proprietário. Pesquisas condenadas pela sociedade são aquelas em que, ao final do procedimento, o animal é morto e não pode ser aproveitado.
Experiências que envolvem abate de aves, suínos e bovinos são as menos polêmicas, já que os animais servirão de alimento. Os experimentos não invalidam o animal para consumo. E dependendo da situação, projetos não são autorizados por causa do descarte desnecessário. Deixar de utilizar animais em pesquisas ainda está longe de se tornar real.
Não temos capacidade de desenvolvimento para excluir os animais das pesquisa, diz Santos. A falta de respostas orgânicas completas quando são utilizadas células de cultivo em laboratório são impedimentos para que animais deixem de ser cobaias. Quando se usa um tecido não tem como avaliar o efeito do medicamento no organismo todo. Pode ser que a droga seja benéfica naquele tecido, mas pode ser tóxica para outras partes do corpo.