A revenda de carros seminovos e usados era, até ontem, o segmento do comércio
automotivo que mais vinha se ressentindo da crise, o que deverá mudar com o
socorro de R$ 200 milhões em forma de crédito para o setor, liberado ontem pelo
Governo Federal.
A nova linha de crédito especial para as empresas
revendedoras de veículos é de R$ 200 mil em recursos do Fundo de Amparo ao
Trabalhador (FAT) e será emprestada às revendas pelo Banco do Brasil.
O
objetivo da medida, anunciada ontem em Brasília pelo ministro do Trabalho Carlos
Lupi, é oferecer capital de giro para cerca de 46 mil revendas em todo o País,
para que elas mantenham os cerca de 600 mil empregos gerados pelo setor até que
o mercado se estabilize.
O professor e doutor em Economia da
Universidade Estadual de Maringá, Jaime Graciano Trintin, analisa positivamente
a decisão do Governo.
Ele explica que o segmento automotivo, da geração
de matéria-prima para as fábricas às revendas de seminovos e usados em geral têm
um papel fundamental nas relações sócio-econômicas no Brasil.
Para o
especialista, ao prestar socorro ao segmento, o governo lança um efeito
multiplicador positivo porque mantém empregos e renda para movimentar a
economia.
O momento é de cooperação, o governo faz a parte dele e as
empresas devem absorver parte das perdas e negociar para atravessar esta fase,
diz.
Acomodação
O mercado de veículos usados
vinha numa fase de acomodação e, de imediato, foi o que sentiu com maior
intensidade o impacto da redução nas vendas.
Nós estamos vendo como o
mercado se comporta, mas o que deve acontecer por enquanto é uma diminuição de
ritmo. As empresas financeiramente saudáveis, vão se sair bem, disse ontem a O
Diário Eduardo Montemor, gerente da Zacarias, antes do anúncio da nova linha de
crédito do governo.
Para Marcelo Bertolo, empresário do setor de
revendas de veículos e que atua há doze anos no segmento, a negociação ficou
mais difícil, mas o momento de espera deve ser de cautela também para as
empresas.
Ele observa que, se for necessário reduzir a margem de lucro
para oferecer maiores vantagens ao cliente, tal prática não pode comprometer a
integridade do capital de giro da empresa.
O mercado está retraído, mas
existem diversos segmentos que, se não estão imunes, estão distantes da crise,
como os funcionários públicos e profissionais das classes A e B, analisa.
Os clientes com maior poder aquisitivo compram à vista e, para eles, o
momento é bom para novos ou seminovos, uma vez que os preços estão mais baixos.
No caso dos funcionários públicos, a facilidade em assumir financiamentos com
segurança, o que estimula o consumo.
Redação