As expressões artísticas exigem sensibilidade para serem feitas, compreendidas ou admiradas. Um exemplo dessa relação é um grupo de sete deficientes visuais de Maringá que estréiam oficialmente como músicos na segunda-feira à noite em um recital.
A apresentação, na sala Padre José
Penalva, no bloco oito da Universidade Estadual de Maringá (UEM), tem
início às 19h30. A entrada é gratuita.
Recital com os alunos do Curso de Música para Deficientes Visuais.
Eles passaram sete meses tendo aula no Curso de Música para Deficientes Visuais, um projeto de extensão do Curso de Música, da Universidade Estadual de Maringá (UEM).
"A música alivia o estresse e também nos ajuda a ter uma audição mais apurada, o que é importante para um deficiente visual", ressalta o assistente administrativo Ricardo Alexandre Vieira, 31 anos, fã de Música Popular Brasileira (MPB) e gospel.
Vieira é deficiente visual de nascença, caracterizado por um problema de atrofia no nervo ótico, e já tentou aprender a tocar violão antes de entrar no curso da UEM, entrentanto, não conseguiu superar as limitações, apesar da vontade.
Desta vez, ele não está só vencendo barreiras, como realizando um sonho. E quer mais.
O assistente do Centro de Apoio Pedagógico para Atendimento às Pessoas com Deficiência Visual completou o primeiro módulo do curso baseado na parte teórica, que inclui material em braile, e já confirmou que continuará no curso em 2009 para a parte prática, com instrumentos musicais.
A idéia do curso partiu de um pedido feito por Vieira e um amigo.
"Os alunos aprendem sobre ritmos, melodias, leitura musical e outros aspectos", explica a professora de Educação Musical, Juciane Araldi.
"O objetivo é dar oportunidade para eles se profissionalizarem e também poderem fazer o curso regular de Música".
O custo do curso é R$ 10,00, a matrícula e R$ 20,00, a mensalidade, para duas horas semanais com aulas às terça-feira. A idades dos alunos varia entre 18 e 50 anos.
Juciane anuncia que será aberta uma nova turma para iniciantes em março de 2009, com aproximadamente 12 vagas.
Para a professora uma inspirações para os músicos cegos é a pianista Fabiana Bonilha, doutoranda em Música pela Unicamp, que Juciane viu em uma apresentação em São Paulo no ano passado e pretende trazer a artista deficiente visual para se apresentar para os alunos, em breve.
A primeira etapa do curso para a primeira turma de alunos termina nesta segunda-feira com uma aula final no formato de recital.
O repertório da apresentação será bastante eclético, com canções eruditas, de ciranda, sertanejo de raiz, entre outros gêneros, inclusive com a participação de professores.
Os alunos interpretarão músicas com voz e percussão, mesmo ainda não tendo aulas práticas. Já os professores completarão o repertório com outras canções e instrumentos.
Durante a apresentação o público receberá uma mostra do material usado pelos alunos durante o curso, para saber como foi feito o aprendizado.
Serviço:
Mais informações no site do Departamento de Música da UEM.