Pesquisadores taiwaneses mostram como evitar que forma clássica chegue à hemorrágica ou à síndrome do choque da dengue São
Paulo- Pesquisadores taiwaneses descobriram um modo de evitar que a
dengue clássica assuma as formas mais graves da doença - a dengue
hemorrágica ou a síndrome do choque da dengue. A chave para compreender
as formas mais letais da doença é uma substância, a CLEC5A, presente na
membrana das células infectadas pelo vírus da dengue. Ela reconhece a
presença do invasor e dispara um complexo mecanismo imunológico que
culmina na liberação de citocinas pró-inflamatórias, proteínas capazes
de inflamar tecidos. O problema ocorre quando o organismo perde o
controle sobre esse processo. Surge então o quadro hemorrágico ou a
síndrome do choque da dengue.
Na pesquisa, publicada ontem no site da Nature
(www.nature.com), camundongos infectados receberam injeções de
anticorpos para neutralizar a CLEC5A, que impediam a interação da
substância com o vírus da dengue. A taxa de mortalidade dos animais
diminuiu 50%, confirmando a hipótese de que a técnica é eficaz para
controlar a inflamação fatal.
Os cientistas taiwaneses utilizaram camundongos
geneticamente modificados, mais propensos a formas severas de infecção
viral. Por isso, sempre desenvolviam a forma hemorrágica da doença.
Outros receptores da membrana celular, semelhantes à CLEC5A,
podem facilitar a entrada do vírus no macrófago (principal tipo de
célula atingida), mas desempenham um papel importante na liberação de
substâncias como o Interferon-a, essencial para que o organismo vença a
guerra contra o vírus. O desafio era controlar a inflamação, sem
diminuir as proteções antivirais das células, afirmou, em entrevista
à reportagem, Shie-Liang Hsieh, co-autor do estudo e pesquisador do
Instituto de Microbiologia e Imunologia da Universidade Nacional
Yang-Ming, em Taipé (Taiwan). Felizmente, descobrimos que o bloqueio
da CLEC5A não interfere na resposta natural ao vírus. Levará de três a
cinco anos para que a terapia seja aplicada em seres humanos, estima
Hsieh.
Para o pesquisador do Laboratório de Imunopatologia do
Instituto Oswaldo Cruz no Rio, Marciano Paes, a previsão é
excessivamente otimista.
Ana Maria Sell, professora do Departamento de Análises
Clínicas da Universidade Estadual de Maringá, concorda que a previsão
de Hsieh é otimista, mas considera a terapia viável e elogia o trabalho
meticuloso dos cientistas de Taiwan.
A professora do Departamento de Microbiologia da
Universidade Federal de Minas Gerais, Erna Kroon, afirma que a pesquisa
traz uma grande contribuição e abre um campo de estudo inovador.
Cientistas inibem tipo mais grave da dengue
- Folha de Londrina
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