O Conselho Universitário (COU) da Universidade Estadual de Maringá (UEM) aprovou a paridade de votos dos docentes, estudantes e agentes universitários nas eleições para reitor e vice-reitor da instituição. A decisão segue para sanção do reitor Mauro Baesso, que tende a ratificar a decisão do COU, por ter assumido o compromisso com os servidores e estudantes durante a campanha eleitoral da UEM - nos meses de agosto e setembro - e pela postura do vice-reitor Julio Damasceno, que votou a favor do retorno da paridade.
Há dez anos, a UEM havia implantado um sistema de votação que
concedia peso superior ao voto dos professores nas eleições para a
reitoria. A mudança, à época, se deu por conta do entendimento de que a
Lei de Diretrizes e Bases da Educação(LDB) tinha essa previsão nas
consultas à comunidade universitária.
Ontem à tarde, com 47 votos
a favor e 14 contra, os conselheiros aprovaram o parecer do professor
de Engenharia Civil e relator do pedido de alteração no estatuto,
Geselay dos Reis. Na defesa da paridade, um dos argumentos apresentados
por Reis é de que o estatuto da UEM considera que a universidade é
formada por três grupos, discentes, docentes e técnicos, e todos devem
estar envolvidos no processo de escolha dos representantes.
"Defendi
que a eleição para reitor é um processo de escolha que tenta refletir o
pensamento da comunidade e que precisa contemplar todos os grupos. Foi
um dia marcante para a política da universidade. Vejo como uma conquista
dos funcionários e dos alunos, que souberam propagar esse debate",
disse.
Reis foi o escolhido para analisar um pedido de revisão da
Comissão Pró-paridade, formada por representantes do Sindicato dos
Trabalhadores de Ensino de Maringá (Sinteemar), da Associação de
Funcionários da UEM (Afuem) e do Diretório Central dos Estudantes (DCE).
O pedido foi apresentado após o COU, no dia 6 de outubro, rejeitar a
paridade em votação apertada, com 43 votos favoráveis, apenas um a menos
do que o necessário para garantir os 2/3 dos votos dos conselheiros e a
mudança estatutária pleiteada.
"É a garantia de um direito
básico e elementar do cidadão, de ter o mesmo valor na hora do voto. A
universidade precisa dar o exemplo. Era uma prática inadmissível, que
fragilizou bastante a convivência nos últimos anos. A ausência de
paridade não trouxe nada de bom", considerou o presidente do Sinteemar,
Celso Aparecido do Nascimento. A UEM era a única universidade do Paraná
que possuía a diferenciação no peso dos votos. Segundo Nascimento, outra
prova de que a medida não fazia sentido é que nas últimas três eleições
para reitor a paridade não provocaria alteração no resultados.
"Os
três foram eleitos com a maioria dos votos dos três segmentos",
afirmou. O desejo do sindicato era ter conquistado a alteração antes da
última eleição. "A administração passada colocou todos os empecilhos que
poderia e articulou para não ser deliberado antes da eleição. Diferente
da nova gestão, em que o reitor assumiu um compromisso com a paridade."
Relator
de parecer, também favorável, à proposta de implementação da paridade,
na votação do COU que ocorreu em outubro, o professor Reginaldo Dias, do
Departamento de História, considerou que a revogação da paridade, em
2004, "criou um problema na relação interna que nunca cicatrizou",
principalmente no sentimento de exclusão que passou a ser demostrado
pelos servidores.
TRÊS PESOS
Nas últimas três eleições para a reitoria da UEM
(2006, 2010 e 2014) o voto dos professores teve peso bem superior ao de
alunos e servidores. O voto dos docentes tinha peso de 70%, enquanto
agentes universitários têm 15% e estudantes 15%.
http://digital.odiario.com/cidades/noticia/1238713/uem-aprova-voto-paritario-para-reitor/