O universo acadêmico bloqueou Weslei Candido, 35, por
quase uma década. Durante todo esse tempo, ele concentrou suas energias
na produção de textos teóricos, o que acabou sufocando sua verve
poética. "Não tem jeito: a teoria mata mesmo a inspiração", reflete
Weslei.
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Nesta quarta-feira (12), Weslei mostra o resultado de sua primeira compilação de seus poemas diários, com o livro "A Memória das Palavras" (Editora Multifoco). Alguns dos 112 poemas da obra foram publicados originalmente em seu blog (Protocolo de Leitura) e retirados do site, há alguns dias, à pedido da editora.
Com o livro, que será vendido a R$ 20 - um preço bem em conta,
comparado aos outros lançamentos da Multifoco -, ele diz que não espera
um retorno financeiro. "Não quero ganhar dinheiro. Quero que meu livro
seja lido, que ele inspire as pessoas", comenta.
Nascido em
Palmital (SP), Weslei veio para Maringá há dois anos para ministrar
aulas no curso de Letras da UEM. Leitor de Murilo Mendes, Guilherme de
Almeida, García Lorca e Borges, ele faz da memória um de seus temas
principais e sempre hesita em escrever poemas sobre o amor. "Há um risco
muito grande de soar brega e cafona", diz.
Garantido ter quase
duzentos poemas inéditos, Weslei planeja o lançamento de mais duas
obras. O que ele não fará, de jeito algum, é tentar a sorte nalgum
concurso de poesia.
"Desisti desses concursos. Nunca se sabe como os jurados avaliam os livros. Para piorar, uma vez ganhei um desses concursos e tive meu poema inserido numa antologia. Quando editaram o livro, meu poema surgiu todo modificado", reclama.
Divulgação
Weslei Candido, que não escreve poemas de amor: "Há um risco muito grande de soar brega e cafona", explica
Tentar emplacar os versos numa grande editora também não é o foco dele, pelo menos por enquanto. "Nem tentei contato com as grandes editoras. Alguns amigos já tentaram enviar seus originais e nunca houve retorno ", diz.
Agenda cheia
Enquanto vem escrevendo um poema por dia, Weslei arranja tempo para
finalizar a tradução do livro "O Sangue Florescido", da escritora
paraguaia Susy Delgado. Ele pretende entregar o material ainda em
novembro para a uma editora do Paraguai. "Publicar a minha tradução em
português, no próprio Paraguai, vai fazer com que o livro venha para o
Brasil", observa.
Para o próximo ano, ele também deve lançar sua
tese de Doutorado pela editora da UEM (Eduem), "José de Alencar: sou
americano para o que der e vier", que compara o autor de "Senhora" a
alguns escritores argentinos do século 19.
WESLEI CANDIDO
Quando quarta-feira (12), às 19h
Onde UEM, auditório de Letras, bloco G34