Carlos Sica
Professor da Universidade Estadual de Maringá (UEM) e blogueiro do odiario.com
Na
condição de representante do Conselho Universitário na comissão
instituída para realizar estudos sobre o sistema viário da Universidade
Estadual de Maringá (UEM), na qual está em discussão o Contorno da UEM e
a mobilidade urbana, tomo a liberdade para avaliar a audiência pública
realizada na noite do dia 1º/8/2013.
O regulamento do evento
foi construído democraticamente e amplamente divulgado, para assegurar
que qualquer interessado tivesse a oportunidade de opinar sobre o
tema.Logo no início da sessão, percebeu-se que um comportamento
estranho e inesperado tomou conta de uma parcela da plateia,
comprometendo de forma explícita a organização dos trabalhos.
Da
ótica privilegiada de integrante da mesa condutora da audiência,
confesso que a percepção que tive foi de que havia entre os
participantes manipuladores que promoviam os aplausos, as vaias e os
brados extravagantes e, que os mesmos, objetivavam intimidar tanto a
Comissão como os demais presentes e, com isso, quebrar nossa expectativa
por um debate civilizado, democrático e produtivo, digno da melhor
universidade do Paraná.
Continuando, não permitiram que fosse
praticada a democracia, pois a pressão negativa e indigna foi imposta
durante toda a sessão, o que desacorçoou muitos interessados, a ponto
de não proferirem suas ideias e propostas em meio a tal espetáculo
estimulado.
É lamentável que após todos estes anos na UEM, fosse
necessário assistir algo similar ao que presenciamos, ainda mais porque
estávamos ali servindo ao interesse coletivo na condição de
funcionários públicos. Infelizmente, tais participantes não se
esforçaram nenhum pouco para que prevalecesse a urbanidade, a
consideração ao ser humano, o respeito ao funcionário público ou a
valorização do trabalho voluntário.
Por conveniência de poucos,
escondidos sob a "máscara da maioria", ora os membros da mesa eram
pressionados para descumprir o regulamento quebrando a simetria no
tempo de uso da palavra em favor de alguns e em detrimento da maioria,
ora a mesa era constrangida em pleno desenvolvimento de suas funções,
quando aqueles buscavam censurar a liberdade de expressão dos outros.
Infelizmente,
o comportamento reprovável demonstrado pela minoria dos presentes teve
a influência direta de integrantes da comunidade institucional.
Registre-se igualmente que, durante o encerramento da audiência,
objetos foram lançados contra a mesa coordenadora do evento.
O sentimento que me restou foi de manter-me cabisbaixo diante da
comunidade externa presente, pois considero inexplicável e inadmissível
tanta intransigência observada naquela noite. E agora, o que dizer da
opressão do regime militar? Pois bem, essa é uma parte da história
brasileira que muitos querem esquecer, pois foram oprimidos, perseguidos
e outros até mortos. Por outro lado, curiosamente, o tempo passou e
alguns daqueles que bravamente combateram o militarismo, agora,
contraditoriamente, parecem fazer uso de práticas que oprimem ideais que
não os seus.
É hora de repensar a UEM como um todo, integrada
com o meio onde está, não de forma exacerbada, mas com a visão de
construtores que usam a democracia como ferramenta de edificação, pois
em uma sociedade democrática, o povo deve estar empenhado em preservar
os valores da tolerância, da cooperação e do compromisso. Por fim,
tentaram enterrar ali a democracia, mas não conseguiram!
http://www.odiario.com/opiniao/noticia/771327/a-fronteira-da-legitimidade/