Alunos cotistas da Universidade Estadual de Maringá (UEM) têm, em geral, desempenho acadêmico inferior ao dos outros estudantes. Em apenas 4 dos 57 cursos de graduação os universitários beneficiados com as cotas sociais têm notas médias maiores.
A diferença entre os cotistas e não-cotistas é maior nos cursos da área de exatas, como Química, Física, Matemática e Estatística, mostram os dados da Diretoria de Ensino de Graduação.Desde a implantação do sistema na universidade, em 2009, uma comissão mede o desempenho de todos eles por centro acadêmico, curso e disciplina. A UEM reserva 20% das vagas dos vestibulares para o ingresso pelo modelo, em que são aceitos estudantes que tenham cursado o ensino médio na rede pública, possuam renda familiar bruta per capita inferior a um salário mínimo e meio e que ainda não contem com curso superior. Hoje, dos mais de 20 mil alunos matriculados na instituição, quase 2 mil ingressaram pelo programa.
Os cotistas têm notas até 4,3 pontos menores que os demais. É o caso do curso de Educação Física - campus de Ivaiporã. Entre 2010 e 2012, a nota média dos não-cotistas foi de 5,6 pontos, em uma escala de 0 a 10, ante 1,3 ponto dos cotistas em igual período.
Apesar da diferença, o diretor de Ensino de Graduação, Eduardo Radovanovic, presidente da Comissão de Acompanhamento dos Cotistas Sociais, faz uma ressalva. "Uma turma de 40 alunos vai ter 32 não-cotistas e oito cotistas. São quatro vezes mais não-cotistas. Se um ou dois alunos vão muito mal, a nota deles se dilui nas 32. Se você tem um ou dois alunos cotistas que vão muito mal, isso joga a nota muito para baixo."
Na análise geral dos sete centros acadêmicos da UEM, a diferença entre as médias não é tão grande - varia de 0,6 a 0,9. No caso do Centro de Ciências da Saúde, por exemplo, a nota média dos não-cotistas ficou em 7,3; a dos cotistas, em 6,6.
O desempenho dos beneficiários das cotas sociais é superior em quatro
cursos: Moda, Artes Visuais, Arquitetura e Urbanismo e Engenharia
Civil. O maior contraste apareceu neste último, no qual os aprovados
pelo regime de cotas obtiveram nota média de 6,7, ante 6,3 dos demais.
Nas graduações de Artes Cênicas e Ciências Contábeis não há diferença
entre as médias.
Evasão
Os pesquisadores Fábio Waltenberg
e Márcia de Carvalho, da Universidade
Federal Fluminense(UFF), realizaram
um estudo sobre o desempenho de
alunos cotistas e não cotistas, com
base no Enade de 2008.
O estudo mostra que o desempenho
dos universitários beneficiados com
cotas e bônus é inferior ao dos
demais nas instituições públicas
federais.
Segundo a pesquisa, eles obtiveram
nota 9,3% menor que os outros na
prova de conhecimentos específicos
do Enade
Radovanovic diz que não há registros de evasão escolar entre os cotistas e que a UEM oferece programas de incentivo ao aprendizado, como o Pró-Início, com conteúdo básico de Português, Matemática, Química e Informática; e o Programa de Integração nas Ciências Exatas, com noções de Matemática e Física.
Os dois são abertos a todos os alunos. Outras seis iniciativas
ofertam bolsas de estudos. "Os alunos podem se ajudar e temos programas
que auxiliam a recuperar o tempo perdido, mas o estudante tem que se
esforçar. Foi dada uma oportunidade a ele e quer uma chance melhor que
essa para mostrar que ele faz jus em estar aqui?"
NOTAS
http://www.odiario.com/zoom/noticia/742263/desempenho-dos-cotistas-e-melhor-em-4-cursos-da-uem/