Centros de ensino superior de Maringá, tradicionais pela oferta de cursos presenciais, investem, cada vez mais, na modalidade a distância como forma de expandir a atuação além dos muros da instituição e conquistar novos alunos.
O número de matriculados em cursos de graduação e pós-graduação a distância na Universidade Estadual de Maringá (UEM) e no Cesumar, por exemplo, ultrapassa a quantidade de todos os estudantes, que cumprem o ano letivo em sala de aula, na cidade.Rafael Silva
Aneide retomou os estudos, está prestes a se formar e sonha em fazer uma especialização, em seguida
O Cesumar e a UEM concentram, juntos, mais de 42 mil acadêmicos em cursos não presenciais. Em contrapartida, estimativa do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Noroeste do Paraná (Sinepe-NOPR), aponta que todos os estabelecimentos de ensino superior da cidade reúnem cerca de 40 mil acadêmicos matriculados no modelo presencial.
De acordo com o diretor de Educação a Distância do Cesumar, Willian Victor Matos Silva, um dos principais atrativos da modalidade é a flexibilidade no horário. "Uma vez por semana, nossos alunos têm aulas ao vivo, que podem ser assistidas pela internet ou em nossos polos de estudo. O material didático, exercícios e vídeos com as aulas podem ser acessados 24 horas por dia. O aluno faz o horário dele", destaca.
Não há diferenciação entre o
diploma daqueles se formam
em cursos de nível superior a
distância e dos que o fazem
na modalidade presencial
Além da maior maleabilidade do tempo, Silva credita a grande adesão ao preço mais acessível das mensalidades. "Quem faz um curso a distância paga cerca de 60% do que seria investido em um curso presencial", compara.
Para a professora Maria Luísa Furlan Costa, coordenadora do Núcleo de Educação a Distância (Nead) da UEM e presidente do Fórum Nacional de Coordenadores do Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB), é preciso desmistificar o senso comum de que a educação a distância não exige comprometimento e dedicação por parte dos alunos.
"O que ocorre é o contrário. Como o estudante não tem alguém lhe cobrando produtividade a todo o momento, é necessário que ele se esforce em dobro para cumprir as obrigações, acompanhar a grade de conteúdos e conseguir o diploma", ressalta.
Segundo Maria Luísa não existe um estudo que traça com precisão o
perfil dos alunos matriculados nos cursos a distância da UEM. No
entanto, ela observa que a maioria é composta por pessoas já inseridas
no mercado de trabalho e que não tiveram a oportunidade de estudar
quando jovens.
Oportunidade
Aneide
Aparecida Silva Pascuti, 59 anos, é uma das 5.144 pessoas matriculadas
na graduação a distância de Pedagogia, da UEM. A cada 15 dias, ela vai
até o polo do ensino localizado na cidade onde mora, em Sarandi, para
assistir as aulas ministradas via conferência. "Já nos demais dias da
semana faço exercícios e estudo em casa, pelo computador", acrescenta.
Para Aneide, a educação a distância foi a única forma de conseguir
uma graduação. "Comecei a trabalhar com oito anos e tive que parar de
estudar. Por causa do ensino não presencial, no ano que vem, se tudo der
certo e eu for bem nas disciplinas, terei o diploma de pedagoga",
declara. "O próximo passo é conseguir uma especialização em
Neuropsicopedagogia", adianta.
Tendência
De olho nas oportunidades abertas pelo ensino a distância, outras
faculdades começam a apostar na modalidade. A Pontifícia Universidade
Católica do Paraná (PUC-PR), Campus Maringá, por exemplo, está com vagas
abertas para o primeiro curso não presencial: pós-graduação em Gestão
de Projetos.
http://www.odiario.com/cidades/noticia/737816/ensino-a-distancia-ultrapassa-estudo-em-sala-de-aula/