Uma pesquisa relacionada ao sistema nervoso entérico (SNE), conhecido no mundo científico como o "segundo cérebro", rendeu um prêmio internacional à professora doutora Jacqueline Nelisis Zanoni, do Departamento de Ciências Morfofisiológicas da Universidade Estadual de Maringá (UEM). Desde 1994, ela realiza estudos no sentido de evitar a morte de neurônios entéricos (presentes no trato gastrintestinal humano) em decorrência da diabetes.
Jacqueline explica que a existência desses neurônios foi descoberta em 1890 e, desde então, muitos estudos foram realizados sob esse prisma, com foco em diversas doenças. A pesquisa da professora centrou-se na diabetes mellitus, com tratamento a partir de uma droga chamada quercetina, existente no vinho.
Rafael Silva
A professora doutora Jacqueline Nelisis Zanoni em laboratório da UEM: estudos iniciados em 1994
"É uma droga antioxidante que evita e previne a morte desses neurônios entéricos, que têm como principais funções a movimentação do intestino e o processo de secreção e absorção no digestório", explica.
A diabetes causa a morte desses neurônios e, consequentemente, o
paciente passa a ter várias manifestações, como diarreia, constipação,
distensão abdominal, vômito e anorexia. A droga – é bom lembrar - não
cura a diabetes. "O objetivo do uso da quercetina é melhorar a morbidade
da diabetes. A droga restaura a população de células nervosas",
observa a cientista.
Prêmio
Zanoni
foi a única brasileira a receber o prêmio no evento denominado
"International and Neurogastroenterology and Motility Congress",
realizado entre os dias 6 e 8 de setembro, em Bologna, Itália. A
pesquisa da brasileira concorreu com outros 700 trabalhos, apresentados
por cientistas de todo o mundo.
Além do reconhecimento internacional, a pesquisa de Jacqueline traz prestígio à UEM. Ela diz que ficou surpresa quando soube que o trabalho havia sido um dos 20 escolhidos. "Não esperava receber o prêmio, a intenção era só participar do congresso." O evento é promovido pela Sociedade Norte-Americana e pela Sociedade Europeia de Neurogastroenterologia.
Jacqueline iniciou as pesquisas sobre inervação entérica por
intermédio do orientador, professor doutor Marcílio Hubner Miranda
Neto, em 1994, na UEM. Desde então, vários cientistas se dedicaram aos
estudos nessa área. Agora, a professora está começando uma pesquisa,
também relacionada à diabetes, mas usando a catuaba.
SAIBA MAIS
- O sistema nervoso entérico (SNE) tem aproximadamente 100 milhões de neurônios
- O SNE começa no esôfago e termina no ânus
- O sistema é capaz de controlar o trato gastrintestinal mesmo sem as conexões com o sistema nervoso central - por isso a denominação de “segundo cérebro”.