A greve dos técnicos administrativos da Universidade Estadual de Maringá (UEM), deflagrada ontem, prejudica a prestação de serviços em toda a instituição de ensino, segundo avaliação do Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino de Maringá (Sinteemar).
A universidade tem entre 2,5 mil e 2,7 mil técnicos que desempenham funções administrativas, de ensino, pesquisa e extensão. De acordo com o comando de greve, "a maioria" dos servidores aderiu à paralisação, respeitando os 30% que, por lei, devem continuar trabalhando.A lista de serviços prejudicados com a greve é extensa. Vai desde a limpeza das salas, roçada, vigilância do campus, atendimento na biblioteca, liberação de veículos, abertura de portões e blocos e funcionamento de laboratórios.
Sem ter funcionário para abrir os blocos, as aulas foram interrompidas, ontem. A porta do bloco G67 foi arrombada, mas o ato não foi atribuído aos grevistas. "A greve faz um efeito dominó e para toda a UEM", diz o presidente do Sinteemar, Eder Adão Rossato. "O professor não consegue dar aula no laboratório porque o técnico não está presente", exemplifica.
A categoria reivindica contratação de servidores, garantia dos direitos adquiridos, reestruturação da carreira e defende a autonomia das universidades, sem privatização e terceirização. O movimento grevista ganhou fôlego depois que o governo do Estado adiou para o primeiro trimestre de 2013 a reposição salarial dos técnicos.
O governo se comprometeu em conceder reajustes de 35% aos técnicos de
nível fundamental, 20% para os de ensino médio e de 6% para os cargos
de ensino superior, mas não encaminhou a mensagem de lei para a
Assembleia Legislativa do Paraná. "O governo assume datas e
compromissos, mas não cumpre", critica Rossato. "Falta
comprometimento."
Governo
Em nota, a
Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti) informou que
estranhou a convocação de greve porque há uma semana um acordo foi
fechado para que a mensagem de lei do Plano de Cargos, Carreiras e
Salários fosse enviada à Assembleia até o fim deste mês e fosse
aplicada no início do ano que vem. "As secretarias continuam abertas ao
diálogo."
A reitoria da UEM também emitiu nota e manifestou apoio às
reivindicações da categoria. O reitor Júlio Santiago Prates Filho estará
em Curitiba hoje, para uma reunião na Associação Paranaense das
Instituições de Ensino Superior Público (Apiesp) para discutir a greve.
Em seguida, os reitores terão audiência com o secretário da Seti,
Alípio Leal Neto, para tratar do assunto.
Professores
A greve dos técnicos da UEM gerou uma saia justa com os professores.
Assim que chegaram ao campus para trabalhar, os docentes se depararam
com salas de aula e banheiros trancados.
A situação surpreendeu os professores, que ouviram da reitoria da universidade, na semana passada, que os locais estariam liberados. "Criou um problema para nós porque temos calendário a cumprir", conta a vice-presidente da Seção Sindical dos Docentes da UEM (Sesduem), Marta Bellini."Cada dia sem aula somos obrigados a fazer reposição, mas como faremos se não estamos em greve?", questiona.
Na manhã de ontem, os professores se reuniram com a administração, mas saíram sem garantia de que poderiam dar aulas normalmente e orientados de que só o comando de greve poderia resolver o problema.
Foram poucos os alunos que tiveram aulas ontem de manhã. Apenas os departamentos que têm a guarda das chaves das salas conseguiram funcionar normalmente. Foi o caso da Biologia. No Departamento de Fundamentos da Educação, o vigia teria se negado a destrancar as salas e os banheiros.
Apesar dos problemas, Marta diz que os professores são favoráveis à paralisação dos técnicos. "Nós somos sindicatos separados, fizemos a nossa greve, mas agora queremos dar aulas e o Sinteemar não pode nos impedir."
http://www.odiario.com/cidades/noticia/601535/grevistas-fecham-uem-e-carros-ficam-na-rua/