A exportações de produtos maringaenses para
países europeus – a Zona do Euro vive uma crise financeira iniciada na
Grécia - como França, Espanha e Holanda, entre janeiro e maio de 2012 e
2011, registraram redução de 81%, 35% e 22%, respectivamente. Por
outro lado, o volume exportado para a China, principal destino de
Maringá, cresceu 58% no mesmo período.
Juntos, os três países europeus representavam, em maio, 7% do total exportado por Maringá, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Toda a Europa representa 8,71% do total exportado pelo município. Já parcela da China foi de 58,2%.
Segundo o MDIC, a redução da participação da União Europeia é de 45,4%
nas exportações de Maringá, em janeiro e maio de 2012 ante o mesmo
período em 2011.
Rodrigo Leal/Appa
Etanol e açúcar produzidos em usinas de Maringá e região estão entre os principais produtos exportados
A movimentação caiu de US$ 122,9 milhões para US$ 67,1 milhões.
A maior redução do volume importado de Maringá foi registrada pela
França, que encolheu em 81% as compras. O país, que importava US$ 11
milhões, reduziu a demanda para US$ 2,15 milhões.
Espanha e
Holanda também apresentaram números negativos. Os espanhóis diminuíram
em 35% o montante importado da região, caindo de US$ 43,4 milhões para
US$ 28,2 milhões. Já os holandeses reduziram em 22% o volume, de US$
30,4 milhões para US$ 23,6 milhões.
O presidente do Instituto
Mercosul, César Couto, acredita que o cenário vai mudar caso as
eleições na Grécia tragam, em médio prazo, calmaria aos ânimos dos
negociadores diretos com o Brasil. "Os produtos que compõem a pauta de
exportações do Brasil são os alimentos.
Eles são e sempre serão
muito demandados e por isso há espaço no mercado", analisa. Partidos
políticos gregos informaram ontem ter a expectativa de formar um
governo de coalizão em breve, para então buscarem concessões nas
medidas de austeridade vinculadas ao pacote internacional de resgate
financeiro ao país.
Mas Couto espera uma redução na procura por
manufaturados e produtos de valor agregado, a exemplo de artigos
tecnológicos. "Cada vez mais o Brasil depende de seu próprio consumo
interno e crescimento econômico. Por isso medidas do governo de
incentivo à produção e consumo são muito bem-vindas neste momento",
argumenta.
Embora a queda do volume de exportações para países
europeus seja preocupante, o impacto não compromete a balança comercial
porque países asiáticos, China e Coreia do Sul, africanos, a exemplo
da Argélia, concentram a oferta do setor exportador local.
Asiáticos
Mas o impacto negativo da crise europeia sequer arranhou o setor
exportador de Maringá. A China foi responsável por comprar 58,2% de toda
produção da região entre os meses de janeiro e maio de 2012. Segundo o
MDIC, do montante de US$ 770,6 milhões comercializados para fora do
País no período, os chineses respondem pela cifra de US$ 448,4 milhões.
No comparativo entre os meses de abril e maio, o ritmo das exportações
foi positivo. Dados do MDIC apontam alta de 86,58%, de US$ 159,9
milhões para US$ 298,3 milhões no mês passado.
Antônio Gomes
da Assunção, docente de Economia Brasileira da Universidade Estadual de
Maringá (UEM), diz que os chineses compram uma quantia considerável da
soja do Brasil e de outras nações.
Sem produção interna
expressiva de alimentos, o País possui grande potencial de consumo
formado por uma população superior a 1 bilhão de habitantes. Outros
países da Ásia e a Rússia contribuem para manter a exportação da
produção brasileira em alta.
"Nosso desempenho depende da
demanda deles. É um País que incorpora cada vez mais gente ao mercado
consumidor. Mesmo com uma desaceleração que faz a China crescer em
ritmo menor, o papel na nossa economia é forte", assinala.
Sucroalcooleiro
De acordo com o superintendente da Associação de Produtores de
Bioenergia do Estado do Paraná (Alcoopar), Adriano da Silva Dias, a
exportação de álcool e açúcar para a Europa é "pequena". Os principais
parceiros comerciais são Rússia, China, Egito, Emirados Árabes e
Argélia. Ele cita os exemplos de Espanha e Portugal, que compram 1% da
produção de Maringá.
Dias afirma que a maior consequência de
qualquer crise é a alta no dólar. Isso se reflete de forma geral em
escassez de recursos para investimentos. Um exemplo é a retração em
abertura e ampliação de filiais em outros países. "A crise de forma
geral acaba respingando em todo mundo. Esse é um dos efeitos da
globalização.
Mas um efeito que reduzisse a demanda da China
teria um impacto muito maior que essa crise na Europa, que está forte
na Espanha, Portugal e Grécia. Nossas exportações estão concentradas em
outros destinos, então não há grande importância direta para nós."
MARINGÁ
http://www.odiario.com/zoom/noticia/578561/exportacoes-para-europa-sofrem-queda-de-45/