Depois de fumar durante 30 anos, o economista e microempresário
Wanderley Cardoso de Souza, 42, teve vários motivos para celebrar o Dia
Mundial Sem Tabaco, comemorado ontem.
Ele conseguiu abandonar o
vício quando participou do projeto de extensão "Tratamento e
Acompanhamento aos Usuários de Tabaco de Maringá e Região", criado em
2005 pela Universidade Estadual de Maringá (UEM) e oferecido
gratuitamente, com apoio do Ministério da Saúde e secretarias Estadual e
Municipal de Saúde.
Por pressão da família e por achar que estava perdendo espaço na sociedade, Souza resolveu tentar novamente, após 20 tentativas frustradas. "Achava que seria impossível", conta. Ele decidiu largar o cigarro de vez, quando faltavam duas reuniões para o trabalho terminar. "Nunca tive recaída."
O empresário transformou em passado os
90 cigarros que fumava por dia. Além de economizar cerca de R$ 500 por
mês, recuperou o fôlego, dorme melhor, dá mais atenção ao trabalho e
sente melhor o cheiro e o sabor das coisas.
"Nadei durante 13
anos, e por causa do cigarro, não tinha mais fôlego. Agora dedico duas
horas do meu dia à academia", revela. Wanderley ganhou 15 kg – por
causa da musculação – e agora se alimenta adequadamente.
Procura
Os resultados obtidos pelo trabalho da universidade aumentaram a procura pelo apoio em 50% nos últimos 5 anos. Hoje, 90 pessoas estão na lista de espera para buscar ajuda, segundo a psicóloga e coordenadora do grupo, Maria Lúcia Dantas, que conta que a grande motivação é a preocupação com a saúde. Ela diz ainda que a maioria dos atendidos já tentou parar de fumar antes e que cerca de 50% têm problemas como enfisema pulmonar, bronquite e pressão alta.
Funcionamento
No programa da UEM, são atendidos por vez dois grupos de 15 pessoas cada. Os encontros são realizados duas vezes por semana, com duração de 1h30. A entrada é por ordem de inscrição e os interessados passam por triagens onde são coletados dados pessoais, informações sobre o fumo e dados clínicos. Quando há comprometimento grave de saúde, o fumante é encaminhado ao grupo imediatamente.
O trabalho tem diretrizes
preconizadas pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca). Os fumantes
recebem dicas de respiração e técnicas de relaxamento, além de
explicações sobre como a nicotina age no organismo. O programa tem
auxílio de servidores administrativos, estagiários, assistentes
sociais, psicóloga, médicos, farmacêuticos, nutricionista, enfermeira e
biólogo.
Em casos de dificuldade em deixar o vício com as
técnicas apresentadas, são prescritos medicamentos como ansiolíticos -
remédios que bloqueiam a ansiedade - adesivos e pastilhas com nicotina,
distribuídos gratuitamente. Cerca de 60% dos participantes precisam
recorrer aos medicamentos.
SAIBA MAIS
http://www.odiario.com/cidades/noticia/573734/programa-de-combate-ao-fumo-tem-fila-de-espera/