Além de receber as homenagens normais que os
filhos dedicam às mães no dia reservado ao reconhecimento para aquelas
que têm o dom de gerar uma vida, a professora aposentada Aracy Adorno
Reis passará boa parte deste domingo em reunião com militantes do
movimento negro em Maringá na organização de eventos marcados para os
próximos meses. Neste dia 13 de maio, onde este ano se comemora o Dia
das Mães é também o Dia Nacional de Luta Contra o Racismo.
Assim foi também todos os dias desta semana e certamente serão os
próximos na vida desta mulher que colocou como meta particular buscar a
promoção dos negros e de outras minorias, como os índios e os ciganos.
Assim, é uma constante na vida dela proferir palestras, participar de
debates, organizar eventos, e atender a convites para debates em outras
cidades.
Rafael Silva
Aracy diz que apesar dos avanços conquistados nos anos recentes, ainda existe muito preconceito
Aracy é fundadora e presidente do Instituto de Mulheres Negras
Enedina Alves Marques e ativista da Associação União e Consciência
Negra de Maringá. Ela também já foi conselheira tutelar, membro da
Secretaria de Promoção da Igualdade Racial, e da APP - Sindicato.
Desenvolve ainda trabalho em parcerias com o Núcleo Regional de
Educação e a Secretaria da Mulher e esteve envolvida com outros
movimentos que lutam pelo fim da discriminação racial.
"Tenho
esta obrigação", resume. "Sou mulher, sou negra, militante, e já fui
aluna, namorada. Em tudo que passei, vi que a violência mais perversa é
essa negação da existência da mulher negra, dos negros, enfim".
Segundo ela, apesar dos avanços que se verifica nos últimos anos,
continuam existindo formas disfarçadas de racismo, que muitas vezes se
refletem em programas de televisão, propagandas, no trabalho, na
escola, no dia a dia.
"Eu tenho uma filha negra, que é
psicóloga. Como é que eu vou ver uma menina negra que vai adentrar em
uma escola ou tentar um trabalho e seja discriminada? Amanhã pode ser
minha filha", destaca. "Por isso, temos trabalhado no combate a todos
os tipos de discriminação e à invisibilidade dos negros na escola, no
mercado de trabalho e em toda a arena social", ressalta.
PREPARATIVOS
Atualmente, junto com outros
militantes, Aracy Reis está
empenhada na organização do
Fórum Permanente Estadual
Étnico Racial do Paraná, a ser
realizado de 25 a 27 de julho
em Maringá, e do 8º Seminário
do Instituto de Mulheres
Negras, previsto para setembro.
Segundo ela, o objetivo dos
eventos é promover a reflexão
sobre a verdadeira consciência
negra, que envolve a história,
a cultura e os anseios dos negros
De acordo com ela, tem acontecido ganhos nesta luta, como a criação
do Ministério da Promoção da Igualdade Racial, o Estatuto da Igualdade
Racial e o ensino da História e Cultura Afro-Brasileira. Nos últimos
anos, declara, houve melhora para as minorias no mercado de trabalho,
mas ainda existe o preconceito. "Basta ver que os negros ocupam os
cargos inferiores, mesmo sendo tão competente quanto os outros",
comenta.
A militância no movimento negro sempre fez parte da
vida de Aracy. Baiana de Lajedinho, ela vem de uma família que já tinha
uma visão clara sobre a questão. Em Maringá, desde os dez anos de
idade, formou-se em Matemática, lecionou na Universidade Estadual de
Maringá (UEM) e hoje está aposentada, tendo mais tempo para dedicar-se
ao Instituto Enedina Alves Marques.
http://maringa.odiario.com/maringa/noticia/568492/mae-negra-e-ativista-em-defesa-da-raca/