Um levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgado recentemente, revela que a diferença entre os salários pagos a homens e mulheres vem caindo em todo o País. Contudo, a desigualdade ainda é grande. Em Maringá, em 2010, elas passaram a ganhar 61,5% do rendimento médio mensal deles. Em 2000, esse porcentual não superava 58%.
O salário das maringaenses saltou 111,5% no intervalo analisado pelo IBGE, subindo de R$ 634,81 para R$ 1.342,98. Contudo, no mesmo período, o rendimento dos homens passou de R$ 1.094,25 para R$ 2.181,97 – alta de 99,4%. Em números, os homens recebem por mês, em média, R$ 839 a mais do que as mulheres.
Na avaliação da secretária nacional da Mulher Trabalhadora da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Rosane Silva, a desigualdade entre homens e mulheres no mercado de trabalho afeta principalmente as mulheres jovens e negras. “São elas as que mais sofrem com a informalidade no mundo do trabalho. Apenas 24% das 7 milhões de empregadas domésticas, por exemplo, têm carteira assinada”, diz.
Na análise do professor de economia brasileira contemporânea da Universidade Estadual de Maringá (UEM), Antônio Gomes Assumpção, a situação é complexa e não pode ser resumida ao fato de que as mulheres são discriminadas no mercado de trabalho. “Há vários fatores que levam a mulher a ganhar menos do que o homem, mas isso está mudando, porque elas estão cada vez mais ocupando postos de chefia”, diz o economista.
Uma das explicações para essa diferença salarial, segundo o economista, está no salário das funções ocupadas majoritariamente por mulheres. O valor pago pelo serviço doméstico, onde predominam as mulheres, via de regra, é bem menor do que o salário-base de um pedreiro – função ocupada quase sempre por homens.
Outro fator que explicaria a diferença salarial está no fato de que as mulheres, por conta dos afazeres do lar, muitas vezes se dedicam a uma atividade profissional apenas em meio período. “Enquanto isso, o homem normalmente se dedica integralmente à atividade profissional, conseguindo com isso uma remuneração maior”, comenta.
A sociedade, diz Assumpção, ainda cobra que o homem seja o provedor do lar. “Na nossa cultura machista, na regra geral, é o homem que tem de assumir a responsabilidade pelo sustento da família, buscando uma atividade registrada e com garantias”, diz. “Mas com o tempo, a tendência é que isso acabe.”
De acordo com o professor, o aumento da remuneração das mulheres é um bom indicativo para a economia. “Isso é ótimo, porque temos o aumento do poder de compra da família.” Entre os setores que mais ganham com a independência feminina, explica Assumpção, está o mercado imobiliário, que se baseia na análise da renda familiar nos contratos de financiamento da casa própria.