Dados do Ministério da Saúde mostram que, na média nacional, 33% das meninas e 47% dos meninos perdem a virgindade até os 15 anos; mas em Maringá a "diversão" começa mais cedo
Treze anos. É com essa idade, em média, que meninas e meninos estão fazendo sexo pela primeira vez. Foi o que mostrou um estudo sobre a iniciação sexual e gravidez de adolescentes realizado em 2006 na cidade por estudantes da Universidade Estadual de Maringá (UEM). Das 49 meninas que participaram da pesquisa, 37,5% disseram ter tido a primeira relação sexual entre os 12 e 14 anos. Entre os 20 meninos que responderam ao questionário, 44,4% afirmaram ter perdido a virgindade dentro da mesma faixa etária.
Dados do Ministério da Saúde, em 2006, apontaram que 33% das garotas e 47% dos meninos perdem a virgindade até os 15 anos. Há um incentivo e um apelo sexual muito grande hoje em dia, explica a psicóloga Ghyslene Rodrigues. Novelas, filmes, músicas e internet, na opinião dela, despertam o interesse do adolescente em querer ter relação sexual. Isso é deplorável, diz a psicóloga.
A internet deixou os encontros mais fáceis e
rápidos e as novelas mostram que o sexo precoce e os relacionamentos com
traições, enganos e mentiras são normais. As roupas são mais insinuantes e os
pais não estão percebendo que as filhas estão se tornando, cada vez mais cedo,
muito sexualizadas, por meio de comportamentos, roupas e pensamentos, diz o
médico hebiatra Walter Marcondes Filho, presidente da Associação Brasileira de
Adolescência, que atribui à mídia a culpa pela iniciação sexual
precoce.
Família contaminada
A desatenção dos pais
também é fator que contribui para os adolescentes descobrirem precocemente o
sexo. Segundo a psicóloga Ghyslene, a valorização da aparência acaba se
transformando em uma armadilha para os pais. A família é contaminada por essa
cultura e acaba proporcionando, principalmente para as filhas, um consumismo
mais direcionado para a beleza e a sensualidade, analisa a psicóloga.
A enfermeira Gláucia Cristina Giraldelli Sanches conhece bem a realidade das meninas que engravidam antes dos 14 anos. Ela trabalha no Lar Preservação da Vida, em Maringá, entidade que acolhe e abriga mães jovens e garotas em situação de risco.
Para a enfermeira, a falta de informação e de estrutura familiar são as grandes responsáveis pelas gestações indesejadas. As meninas chegam aqui sem saber como se faz para evitar um filho, aponta. Não sabem que o posto de saúde distribui camisinhas e anticoncepcionais. Atualmente, a entidade abriga 19 adolescentes, dez das quais estão grávidas. Dentre as gestantes, metade tem menos de 15 anos
Carla Guedes