Temperatura em Maringá chega aos 35º C, muito próxima do recorde histórico, de março de 2005, quando termômetros foram a 37,6º; quem trabalha sob o sol, sofre; o comércio fatura
Março chegou com temperaturas típicas de dezembro. Para quem espera por dias mais amenos, os meteorologistas alertam que o calor vai continuar por pelo menos duas semanas. A massa de ar quente importada da região central do Brasil chegou forte o suficiente para manter as temperaturas em Maringá na casa dos 35º C.
Desde a segunda quinzena de fevereiro, os termômetros dispararam e para quem não está de férias, trabalhar sob o sol não está nada fácil.
A gente faz uma pausa na hora do sol mais forte, mas não tem jeito, tem que trabalhar, conta o funcionário público Afonso Onofre Braga. Ele trabalha com o transporte de terra, com uma pá, o dia todo.
Esse ano o calor tá feroz, tem um ou outro colega que molha a cabeça para aliviar um pouco, conta ele.
A rotina de Afonso é a mesma de centenas de trabalhadores que cumprem jornada ao ar livre o que vale dizer, nos últimos dias, sob um sol literalmente escaldante , a maioria em serviços pesados.
Uma das mudanças de comportamento recente é a utilização do filtro solar resultado positivo de insistentes campanhas das autoridades médicas.
O uso dessa barreira contra os raios de sol danosos à saúde já se tornou obrigatório entre trabalhadores dos Correios e da construção civil.
A entregadora postal, Isabel Cristina Bicheri, trabalha quatro horas por dia na rua. Ela diz que os carteiros se protegem com protetor solar, bonés, roupas e calçados apropriados. No horário de sol mais forte, nós fazemos pausas na sombra. No mais, tomamos bastante água para repor a transpiração, explica.
O dermatologista Neudair Fernando Sanches faz um alerta aos trabalhadores que dão expediente nas ruas ou em locais descobertos, sobre a importância de se proteger dos raios solares e de fazer visitas regulares ao médico.
Há pessoas que não apresentam sintomas de problemas de pele, cardíacos ou renais, mas podem vir a desenvolvê-los, avisa. Para o médico, é fundamental que todos conheçam seu real estado de saúde porque se não o fizerem, até água demais pode ser prejudicial.
O médico explica que a maioria das pessoas sabe dos riscos da exposição excessiva ao sol, mas que há uma série de problemas e doenças relacionadas que precisam de diagnóstico de especialistas.
O melhor modo de evitar surpresas desagradáveis, mesmo para quem se expõe ao sol durante momentos de lazer, ainda é manter-se atento a quaisquer sinais de alteração de comportamento, de baixo rendimento no trabalho e, claro, sintomas como dor de cabeça e ardência de pele, entre outras manifestações.
O tempo quente trouxe, porém, efeitos positivos no comércio local, que comemora as vendas de produtos típicos de verão como bebidas, sorvetes e refeições leves. Melhor ainda para o setor de ventilação das lojas de departamentos.
A maior parte deles já está com um volume de vendas no mesmo patamar dos meses de alto verão.
Segundo a coordenadora da Estação Climatológica da Universidade Estadual de Maringá, doutora Leonor Marcon da Silveira, as altas temperaturas devem continuar na rotina do maringaense por mais algumas semanas.
Ela lembra em 2005, os termômetros chegaram aos 37,6º C, também em março, sinal de que dias mais tórridos ainda podem chegar.
Juliana Fontanella