Desconhecido e sem saber falar português, um jovem índio, de cerca de vinte anos de idade, tornou-se atração no campus da Universidade Estadual de Maringá (UEM).
Nesta quinta-feira, por exemplo, ele foi caçado durante todo o dia pelas lentes de máquinas fotográficas dos jornais, microfones de emissoras de rádio e pelas câmeras das rede de tevês locais, que transformaram o rapaz em notícia.
O índio, que não consegue explicar quem é, de onde vem e nem para onde pretende ir, apareceu no campus há cerca de dez dias e alojou-se aos fundos do Museu Bacia do Paraná, improvisando um abrigo com caixas de madeira.
Ali ele passa os dias fazendo artesanato - chama a atenção a facilidade com que confecciona peças com barro comum, principalmente estátuas de índias nuas.
Apesar de não falar português, fez amizade com os vigias e assim garante a permanência, refeições duas vezes por dia e café com bolacha na hora que quiser.
Uma perfuração no lábio inferior para a colocação de um ornamento de madeira causou uma infecção, que está sendo tratada pelos vigilantes da UEM, que compraram medicamentos e cuidam de ministrá-los nos horários determinados.
O professor Lúcio Tadeu Motta, que trabalha com cultura indígena na UEM, diz que o rapaz não pertence às etnias existentes no Paraná e, pela língua que articula, não é possível saber de onde vem.
Ele parece perdido e não consegue se identificar, avalia o professor.
Mota acredita que o índio possa ter fugido de seu povo e não quer ser identificado para não ser levado de volta para a aldeia.
A Universidade comunicou à Fundação Nacional do Índio (Funai), em Londrina e em Brasília, que estaria verificando se em alguma aldeia, em qualquer ponto do País, foi registrado o desaparecido de alguém com as características do rapaz que vive no campus da UEM.
Ele é muito esperto, pois mesmo não se comunicando com palavras, parece entender bem o que está acontecendo, analisa o vigia Osvaldo Olivares Vargas, que já tornou-se amigo do índio misterioso.
Luiz de Carvalho