A
crise mundial começou nos Estados Unidos, contaminou Europa e Ásia e
chegou aos países emergentes. A recuperação deve seguir a mesma lógica,
com possibilidade de benefícios para o Brasil.
A teoria do impulso externo é a preferida dos planejadores do governo,
que acreditam numa crise rápida e amena. A lógica é a compensação da
queda no mercado interno pela recuperação do mercado externo.
Quando a demanda das famílias brasileiras começar a desacelerar, os
efeitos das políticas de incentivo adotadas na Europa e nos Estados
Unidos já podem estar surtindo efeito e colocando esses países em
recuperação. Com isso, no momento em que as vendas estiverem caindo no
Brasil, a demanda internacional deve crescer, exigindo produtos das
empresas brasileiras.
Se esse timing acontecesse com precisão, poderíamos ficar tranqüilos,
mas sabemos que não é bem assim, alerta o economista e professor da
Universidade Estadual de Maringá (UEM) Joílson Dias. Ainda não vemos
os efeitos das políticas internacionais, mas já sentimos alguns setores
da economia brasileira em desaceleração, observa Dias.
Juros
Como as previsões e cenários projetados por especialistas costumam
falhar, ainda não há consenso sobre a duração e a extensão da crise
mundial. Por isso, os governos dos países ricos continuam a cortar
juros para estimular a economia, injetam dinheiro no mercado e torcem
para que os agentes recuperem a confiança nos investimentos. Nem todas
as previsões se confirmam: um efeito inesperado da crise foi a queda na
demanda por alimentos, o que ninguém esperava que fosse acontecer,
avalia Dias.