Projeto desenvolvido na UEM consegue convencer pelo menos metade das pessoas que iniciam o tratamento; novas fotos vão estampar maços em 2009
A
comerciante Roberta Nazário, 24 anos, está longe do cigarro há 22 dias.
Ela, que começou a fumar aos 14 anos, nunca havia pensado em largar o
vício, pois sempre achou que seria um processo difícil e inútil.
Com a ajuda de um programa que auxilia fumantes a abandonar o cigarro,
Roberta, hoje, se considera livre do hábito. A primeira reunião de que
ela participou foi no dia 8 de maio. "A partir desse dia eu não fumei
mais", diz, com orgulho.
O programa que ajudou Roberta a parar de fumar é coordenado pelo
professor de Anatomia Humana da Universidade Estadual de Maringá (UEM)
e doutor em Ciências Biológicas, Celso Conegero.
Desde 2005, o "Projeto Tabagismo: tratamento e acompanhamento ao
usuário de tabaco de Maringá e região" já atendeu mais de 200 pessoas
e, segundo o coordenador, 50% delas conseguiram largar o hábito.
"Algumas têm recaídas, mas voltam ao grupo e abandonam o cigarro na
seqüência", ele garante.
Durante os encontros, uma equipe multidisciplinar composta por médico,
nutricionista, enfermeiro, psicólogo e assistente social mostra aos
fumantes como é difícil parar de fumar, apresenta os efeitos que a
nicotina provoca no organismo e explica o que acontece com o corpo
durante a abstinência do cigarro.
A mãe de Roberta a incentivou a freqüentar o programa depois que uma
pessoa da família conseguiu parar de fumar com a ajuda do tratamento.
Roberta ligou, fez a triagem e uma semana depois passou a freqüentar as
reuniões. O último encontro foi na segunda-feira (26). "O pessoal é bem
atencioso, nos dá muita motivação e explica, de um jeito realista, como
o cigarro faz mal para o nosso corpo", diz a comerciante.
O projeto é gratuito e aberto à comunidade. Os interessados podem ligar
para o Ambulatório Médico e de Enfermagem e se inscrever para
participar dos grupos de atendimento. O telefone é 3261-4266.
O tratamento segue as normas do Programa Nacional de Controle do
Tabagismo, elaborado pelo Ministério da Saúde em parceria com o
Instituto Nacional do Câncer. São formados grupos de 15 participantes
que freqüentam sete sessões, realizadas às segundas e quintas-feiras,
das 8h30 às 10h30, no Museu Dinâmico Interdisciplinar da UEM.
Nem mesmo as reclamações da família haviam feito com que Roberta
tentasse parar de fumar. "Meu círculo de amizades era de fumantes",
conta. Sem pais fumantes, Roberta diz que as pressões da família
aumentavam cada vez que alguém conhecido ficava doente por conta do
cigarro.
"Quando alguma matéria sobre tabagismo era publicada em jornais, eles
recortavam e me entregavam, mas nunca me proibiram de fumar."
Hoje, afastada do tabaco, Roberta, que chegava a fumar 60 cigarros por
dia durante o fim de semana, diz que está feliz com a nova experiência
e afirma que, com a ajuda do tratamento, ficou mais fácil largar o
hábito. "Ainda tenho vontade de fumar porque eu convivo com fumantes.
Mas o meu orgulho de ter parado é maior que a minha vontade de voltar a
fumar."