É primordial que os cidadãos fiquem atentos e procurem conhecer bem em quem votar, pois eles serão os responsáveis pela administração do futuro dos municípios
A
cinco meses da escolha do novo administrador municipal e novos
vereadores, a resposta a esta pergunta deveria pautar as conversas
entre amigos, as reuniões de família e a curiosidade de quem vai votar
pela primeira vez.
Saber escolher o candidato que vai aplicar o dinheiro de todos os
cidadãos em benefício dos próprios cidadãos, bem como dos fiscais do
dinheiro público requer muita responsabilidade.
O Guia do Eleitor Cidadão - Eleições 2008, elaborado pelo Instituto
Legislativo Brasileiro (ILB) e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE),
ensina a reconhecer o bom candidato.
Deve-se avaliar o caráter, o passado, a qualidade de suas propostas, a
competência e o compromisso com a comunidade. O compromisso é com a
comunidade, não com ele mesmo. Prefeitos e vereadores devem ser bons
administradores e bons representantes, devem ouvir as pessoas e saber
que decisões tomar para melhorar a vida de todos.
As propostas devem ser viáveis e úteis para a população. Caso haja
suspeita ou denúncia contra o candidato, a orientação é para que o
eleitor se informe e ouça o que ele tem a dizer em sua defesa antes de
decidir o voto.
Falando assim, parece fácil, mas a dificuldade é compreensível. Carla
Almeida, professora de ciência política da Universidade Estadual de
Maringá (UEM), lembra que, na maior parte das vezes, a discussão dos
valores da democracia representativa não leva em conta a marca dos
golpes que interromperam, em diferentes períodos, a história
brasileira. "Nossa experiência democrática é curta, ainda não está
arraigada."
O livre exercício do voto em terras brasileiras surgiu com os primeiros
núcleos de povoadores, logo depois da chegada dos colonizadores. Foi o
resultado da tradição portuguesa de eleger os administradores dos
povoados sob domínio luso.
Quando chegavam ao local em que deveriam se estabelecer, o primeiro ato
era realizar a eleição do guarda-mor regente. Somente após esse ato
eram fundadas as cidades. Estas eleições eram realizadas para governos
locais e foram mantidas até a Independência.
A primeira de que se tem notícia ocorreu em 1532, para eleger o
Conselho Municipal da Vila de São Vicente (SP). As pressões populares e
o crescimento econômico do País, contudo, passaram a exigir a efetiva
participação de representantes brasileiros nas decisões da corte.
Assim, em 1821, foram realizadas eleições gerais para escolher os
deputados que iriam representar o Brasil nas cortes de Lisboa.
No princípio, o voto era livre, todo o povo votava. Com o tempo, porém,
ele passou a ser direito exclusivo dos que detinham maior poder
aquisitivo, entre outras prerrogativas. A idade mínima para votar era
25 anos. Escravos, mulheres, índios e assalariados não podiam escolher
representantes nem governantes.
Quase 200 anos depois, o direito tolhido de parte significativa da
população por período considerável é estendido a todos os brasileiros
que tenham mais de 18 anos, de maneira obrigatória, e aos jovens que
tenham completado 16 anos, se quiserem.
O passar do tempo também tem mostrado que o ator principal de qualquer
eleição é quem tem o poder de decidir, pois a escolha legítima não é
aquela que contabiliza o maior número de votos, mas a que ocorre de
maneira consciente e responsável.