A década marcada pelos pedidos de paz e amor continua inspirando estilistas, que recriam e adaptam o visual hippie
A
relação da moda com a História é muito mais forte do que se imagina.
Vez ou outra, os estilistas buscam inspiração no que um dia já foi o
retrato de uma época.
Um dos momentos mais revisitados de todos os tempos é a década de 70
que, depois de voltar em 90, em breve vai estar nas ruas de novo, no
figurino de gente comum. Lembra-se dos hippies com suas calças boca de
sino e suas camisas estampadas com cores psicodélicas? É por aí.
"O visual vai ficar mais chique, não é aquele hippie largadão, é o
neo-hippie. A década volta inovada, com adaptações, porque existem
novos tecidos e malhas e novos comportamentos", explica o coordenador
do curso de Moda da Universidade Estadual de Maringá (UEM), Ronaldo
Salvador Vasques.
A adaptação fica por conta dos tecidos tecnológicos e a referência à
sustentabilidade que, segundo ele, é uma das marcas da moda brasileira.
A moda não pára no tempo.
"É o retorno do flower-power, com referências mais leves, florais,
vestidos longos", explica o coordenador do curso de Moda do Centro
Universitário de Maringá (Cesumar), José Mário Ruiz.
"As coleções vêm com um forte apelo ao discurso de paz e amor
característico da época, num contraponto com a questão atual da
violência urbana. O cerne principal desse retorno ao visual despojado
tem a ver com a imagem que a gente tem dos anos 70 e quer resgatar,
mesmo que seja através de um simulacro", explica.
As cores psicodélicas, as estampas florais, as calças bocas de sino, as
batas e as peças artesanais feitas com crochê voltam, sem a carga
ideológica setentista, mas com muito charme.
O brilho, numa referência às discotecas e ao glam rock (universo
musical que tem David Bowie, Jimi Hendrix e Janis Joplin como ícones),
também volta - mais opaco - para as roupas e maquiagens.