Paraná começa a se preparar para a implementação da música ao curriculo escolar de ensino básico inspirado em projeto desenvolvido em parceria com a UEM e UEL
Os alunos de escolas públicas do Paraná estão a um passo de conquistar
o direito de ter conteúdo musical nas aulas de Educação Artística. A
aprovação da Lei nº 11.769, em 18 de agosto de 2008 estabelece a
obrigatoriedade do ensino dos conteúdos de música na educação básica.
Para isso, os governos estaduais já estão se preparando para a mudança.
No Paraná, o governo do Estado está se baseando no projeto Educação
Musical nas Escolas do Paraná (Pemep), elaborado pelas universidades
estaduais de Maringá e de Londrina, para fornecer aos professores de
escolas públicas o aperfeiçoamento necessário para as aulas, cumprindo
as novas exigências curriculares.
A chefe do Departamento de Música da Universidade Estadual de Maringá
(UEM), Vânia Fialho, explica que o projeto foi elaborado a partir de
uma demanda da própria Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino
Superior do Paraná (Seti).
No ano que vem, as primeiras turmas de professores de artes participam
de um curso com carga horária de 120 horas/aula. O programa está
dividido em três módulos, como curso de extensão universitária.
Nós só poderemos concretizar essa lei quando houverem professores
qualificados. O que facilita a inclusão do tema nas aulas de arte é que
as áreas são interligadas. O professor de Educação Artística tem a
sensibilidade e a disposição de aprender novas linguagens, avalia.
Meta
Vânia lembra que a inclusão da Música no currículo das escolas públicas
é o próximo passo, mas a inclusão dos conteúdos em artes é uma
conquista de três décadas de luta.
Ela explica que na Região Sul, Santa Catarina foi o Estado que saiu na
frente e já tem até concurso público para professores de Música nas
escolas públicas.
Nossa próxima bandeira é um desafio ainda maior. Vamos nos empenhar
para sensibilizar autoridades e diretores das escolas da importância de
manter bandas, coro e orquestra nas escolas, complementa.
Vânia diz que essa meta não será conquistada a curto prazo, uma vez que
existem muitas diferenças sociais no Estado e entre as próprias
escolas, mas que se houver comprometimento, como em Santa Fé, existem
possibilidades reais de proporcionar aos alunos a chance de estudar
música em uma escola pública.
Teste
A experiência que o governo espera institucionalizar no ano que vem foi
testada com sucesso em duas cidades da região, Santa Fé e Ivaiporã.
Na primeira, os professores da rede pública participaram da oficina de
capacitação por meio do projeto Universidade sem fronteiras, da UEM.
Lá nos atuamos junto aos professores e aos alunos. Os nossos alunos
[do curso de graduação em Música da UEM] promoveram oficinas para as
crianças e adolescentes, enquanto uma equipe levou a capacitação aos
professores, explica Vânia.
Em Santa Fé, o programa não vai se limitar a musicalização, mas deve
chegar à formação musical, uma vez que uma multinacional doou ao
município os instrumentos musicais.
Dificuldades
A falta de estrutura e equipamentos, ainda é, segundo a professora, o
maior desafio para a implantação da Música nas escolas públicas. O que
será feito de imediato nas cidades que não têm instrumentos musicais
disponíveis para as escolas, como Ivaiporã e Maringá, é apresentar aos
professores formas de incluir a música na matéria prevista com
atividades lúdicas de sonorização e canto, proporcionando ao aluno,
vivência musical.
Para quem cresceu com a música, a proposta é válida porque, mesmo que o
aluno não opte por se tornar um músico, ele terá a chance de descobrir
mais sobre si mesmo.
Segundo a estudante Amanda Alves Hirata, de 22 anos, o contato com arte
ensinou a trabalhar com desafios diários e a desenvolver a concentração
e a responsabilidade. Você aprende a trabalhar com metas e sabe que,
se não tiver empenho de sua parte, não vai chegar até onde poderia,
diz.
Paquera
O veterinário Rafael Meneghetti concorda com Amanda. A educação musical
o ensinou a buscar a superação a cada etapa da vida e, especialmente a
partir da adolescência, a música pode se tornar uma válvula de escape
para os problemas que vão surgindo.
Eu acredito que o contato com a música pode até incentivar uma
crianças mais tímida a desenvolver a sociabilização e, se outras
pessoas da casa também gostam, elas se aproximam, como meu pai, minha
irmã e eu, diz.
Meneghetti também acredita que inserir a música na dia-a-dia ensina a
criança a lidar consigo mesma, porque na música quando o aluno ensaia
com afinco, ele desenvolve diversas habilidades. A música já me trouxe
novos amigos e até facilita a paquera.
Todo mundo fica em torno do músico numa festa ou roda de amigos, assim fica mais fácil se aproximar de quem você gosta, brinca.