Há mais de uma semana, os sentimentos de ansiedade e prejuízo fazem parte do dia-a-dia dos estudantes Alessandro José Bertoffa Tofalini, 27 anos, Mário Luiz Marques Tiutedelli, 17, e Suelen Letícia Tavares, 25.
Os motivos são os mesmos para os três. A ansiedade está na esperança de que tenham obtido pontuação suficiente no último vestibular da Universidade Estadual de Maringá (UEM), para ingressar no curso de Medicina.
O outro sentimento se refere ao fato de que eles assinalaram o item 16 da questão 13 da prova de Biologia, considerando-a correta, conforme aprenderam durante as aulas de cursinho. O problema é que a UEM pensa diferente.
Além dos alunos, professores de Biologia contestaram o gabarito da questão. O professor Ivan de Carvalho formalizou um pedido de revisão na semana passada, mas a Universidade não acatou.
Por conta disso, ele contactou um advogado e, ainda esta semana, deve entrar com um processo contra a UEM, para que o item 16 seja considerado correto e o alunos que a assinalaram, beneficiados.
A alternativa afirma que está presente nas teorias de evolução propostas por Charles Darwin e por Jean Baptiste Lamarck a lei do uso e desuso - se uma parte do corpo é usada constantemente, desenvolve-se; caso contrário, há o atrofiamento.
Quando Carvalho formalizou o pedido de revisão, o presidente da Comissão do Vestibular Unificado (CVU), Doherty Andrade, conta que seguiu o protocolo.
Ele reuniu uma comissão formada por três professores da área que não participaram da elaboração da prova, para avaliar se a reivindicação estava correta. Eles consideraram que não.
Contudo, a polêmica em torno do gabarito se manteve e, na segunda-feira, Andrade chamou, novamente, a comissão e, também, os professores que elaboraram a prova para rever o item.
"Foi unânime", afirma.
O presidente da CVU também consultou informalmente outros docentes de Biologia, que fizeram avaliação semelhante à da comissão.
Embora o professor ande com o livro "A Origem das Espécies", de Darwin, debaixo do braço, mostrando a quem quiser ver as referências à lei do uso e desuso, o argumento principal da universidade para a negativa é o fato de tal informação não constar nos livros didáticos do Ensino Médio.
Ainda assim, admite que o professor tem razão. Na ata que foi entregue a Carvalho, a UEM considera: "Embora Darwin tenha assumido no livro 'A Origem das Espécies', a lei do uso e desuso de Lamarck, esse conhecimento não é tratado nos livros didáticos do Ensino Médio. (...) Assim, não acatamos o solicitado."
Ao contrário do que informou a Assessoria de Imprensa da UEM na sexta-feira, a instituição não reviu a posição.