"A Arte Musical do Cinema", curso que será realizado na UEM, discutirá história do gênero que consagrou Gene Kelly e Fred Astaire e está vivo em filmes como "Sweetney Todd"
Gene
Kelly dançando e cantando alegremente com seu guarda-chuva, em uma
chuva que misturava leite e água para dar efeito fotográfico perfeito
na tela, parece estar muito distante do barbeiro ensandecido de Johnny
Depp que retalha gargantas em busca de vingança enquanto canta seus
pensamentos demoníacos.
Realmente "Cantando na Chuva", clássico de 1952 dirigido pelo próprio
Kelly e Stanley Donen e vencedor do Oscar de Melhor Música, está muito
distante - quando se fala em ano de produção - do sombrio "Sweetney
Todd", longa dirigido por Tim Burton em 2007 e que venceu o último
Oscar de Melhor Direção de Arte, além de indicações de Melhor Ator para
Johnny Deep e Melhor Figurino. Mas os dois filmes, por mais diferentes
que sejam quanto ao tema, pertencem a um mesmo gênero: os musicais.
O estilo que mistura interpretação, dança e música será tema de um
curso que a Universidade Estadual de Maringá oferece no início de maio.
Coordenado por Daísa Poltronieri e ministrado por Larissa da Rosa
Gregoletto, o curso terá temas como a história dos musicais, a eterna
"batalha" entre Fred Astaire e Gene Kelly e a situação atual do gênero.
Cinema falado
Muito popular nos anos 30, 40 e 50, quando teve seu auge, os musicais
nunca deixaram de existir no cinema, embora tenha tido alguns momentos
de baixa. Mesmo assim, praticamente todas as décadas desde a introdução
do som no cinema tiveram seus grandes musicais ou, pelo menos, um bom
representante no gênero.
Larissa, que é formada em Dança pela Universidade Estadual do Rio
Grande do Sul e fez seu Trabalho de Conclusão de Curso sobre os
musicais no cinema, explica que o gênero foi um dos primeiros criados
com o advento do cinema falado em 1927, quando foi lançado o filme "O
Cantor de Jazz". "Um dos motivos é que a edição de músicas à imagem era
muito mais fácil do que a de diálogos, além do que elas também davam a
noção de tempo e espaço necessários à produção", explica Larissa. "É um
pouco do que é mostrado no filme 'Cantando na Chuva'".
Larissa observa que a inserção dos musicais também foi importante para
diversificar as movimentações de câmera nos estúdios, que não podiam
mais ficar paradas. Tinham que acompanhar os dançarinos. "Os musical
também trouxeram a necessidade de se ter mais de uma câmera filmando
uma cena, principalmente de dança, e também se passa a ter uma
preocupação maior com os cenários, uma influência dos musicais da
Broadway", diz.
Além das revoluções no próprio cinema, os musicais também tiveram um
outro efeito. "Enquanto um musical no teatro atingia, no máximo, alguns
milhares de pessoas, o cinema divulgava a dança para milhões de
pessoas, principalmente o sapateado e os ritmos surgidos da união das
raças nos guetos de Nova York e Chicago", lembra Daísa.
E, mesmo após a fase de ouro dos musicais (entre os anos de 1945 e
1955), o gênero continua em alta, no teatro e no cinema. Basta ver o
sucesso de filmes recentes como "Moulin Rouge" (2001), "Chicago"
(2002), e "Sweetney Todd" (2007). "O musical é um filme que mistura
música, dança e canto para contar uma história", resume Larissa.
O curso "A Arte Musical no Cinema" será
realizado de 3 de maio a 29 de julho. As inscrições custam R$ 35 e
podem ser feitas até o dia
25 na Diretoria de Cultura, Bloco A-1, sala 9. Mais informações pelos telefones 3261-3878 e 3261-3880