Bom momento do setor de vestuário faz com que donos de confecções busquem mão-de-obra especializada em meio aos cursos; formandos saem com diploma e emprego nas mãos
A
dedicação nos estudos pode render um ótimo futuro profissional e fazer
com que o emprego possa, sim, bater na sua porta. É o que está
acontecendo com alunos dos cursos de Moda, ofertados em Maringá e
Cianorte (a 85 quilômetros de Maringá). Empresários do setor do
vestuário têm ido às universidades buscar referências de acadêmicos que
ainda nem terminaram a faculdade.
Para ter uma oportunidade dessas, no entanto, é necessário estudar
muito. É o que acredita o presidente do Sindicato da Indústria do
Vestuário (Sindvest) de Maringá, Carlos Roberto Pechek. "Os empresários
procuram os coordenadores dos cursos para saber quem se destacou. E
quem realmente está fazendo o curso para trabalhar na área - e não
somente para ter um diploma na mão ou conhecimento sobre o mundo da
moda - tem mais chances de conseguir emprego."
A excelente fase que o setor atravessa é responsável pela ida do
empresário, que necessita de mão-de-obra, às faculdades de Moda, que
despejam anualmente cerca de 90 recém-formados no mercado. O presidente
do Sindvest apóia a iniciativa. "Inclusive, eu até faço disso uma
sugestão: que os empresários façam o contato com os coordenadores dos
cursos e procurem essa mão-de-obra jovem nas faculdades."
O coordenador do curso de Moda do Centro Universitário de Maringá
(Cesumar), José Mário Martinez Ruiz, conta que já recebeu empresários
na universidade, em busca de pessoal recém-formado na área. César
Eduardo Mendonça foi um deles. A conversa com Ruiz resultou em dois
recém-formados interessados na vaga de estilista.
Há cerca de 20 dias, Mendonça fez o anúncio da vaga de trabalho no site
da faculdade. "Fiz as entrevistas de emprego com duas candidatas e,
nesta semana, uma delas começou o período de três meses de experiência
na fábrica." A indústria de Mendonça situa-se em Mandaguaçu (a 32
quilômetros de Maringá), produz três mil peças por mês de moda feminina
e fitness e conta com 32 funcionários.
Nos cinco anos de existência da fábrica, somente este ano o empresário
decidiu investir pesado na criação das roupas. "Procuramos estilistas
porque queremos lançar as nossas coleções em sintonia com o lançamento
das grandes marcas."
Situação semelhante acontece no curso de Moda da Universidade Estadual
de Maringá (UEM), no câmpus de Cianorte. O coordenador do curso,
Ronaldo Salvador Vasques, diz que recebe cerca de 60 empresários do
setor de vestuário, por ano, à procura de mão-de-obra. "É algo
excelente. Ontem (quinta-feira), inclusive, recebi ligações de dois
empresários", cita.
O aquecimento do mercado é tão visível, segundo Vasques, que as cerca
de 500 confecções existentes em Cianorte absorvem todos os alunos
formados no curso de Moda da instituição. Todos os 22 alunos que se
formaram recentemente na universidade já estão trabalhando na área.
Negócio de família
A exigência dos consumidores, frente ao produto final, colocam na corda
bamba as empresas familiares que não investem em mão-de-obra
capacitada. Segundo o presidente do Sindvest de Maringá, até pouco
tempo, a pessoa montava uma fábrica e era o próprio empresário ou
alguém da família que cuidava da criação das coleções.
No entanto, com a exigência dos consumidores, é necessário que as
indústrias apresentem um produto mais diferenciado. "Quem quiser se dar
bem no mercado precisa da técnica de quem realmente estudou Moda",
afirma Carlos Pechek.
Ronaldo Vasques conta que as empresas familiares precisam partir para a
mão-de-obra proveniente dos cursos de Moda. "Mesmo que a pessoa já
tenha conhecimento do ramo, é importante buscar informações fora", diz
o coordenador de Moda da UEM. Informações essas trazidas por quem
esteve quatro anos no banco de uma universidade.
Segundo Vasques, a moda está muito informatizada. Se não fizer curso, a marca não deslancha e nem se mantém no mercado.