Há quatro dias, o autônomo Antônio da Cunha Melo tenta desvendar o mistério que está por trás dos pingos que caem de um galho da sibipiruna localizada em frente à casa dele, no Jardim São Silvestre, zona leste de Maringá.
Aos 54 anos de idade, Melo diz nunca ter visto fenômeno parecido. A árvore, de 16 anos, foi plantada por ele quatro anos depois de ter se mudado, com a família, para a residência.
Os pingos tiram o sono do trabalhador.
"À noite, escuto os pingos caindo sobre o telhado de casa; parece chuva", compara.
O líquido que cai sobre a calçada e o telhado da residência de Melo é, segundo ele, salgado, gelado e de cor amarelada. Seco, forma uma espécie de cola.
Ele conta que o líquido começou a pingar há dez dias, mas, no fim da semana , a intensidade aumentou.
"Pinga dia e noite, direto", destaca.
"De manhã, quando acordo, vejo uma poça enorme na calçada."
Os vizinhos, curiosos, também tentam achar explicação para o fenômeno, mas até agora, segundo Melo, ninguém conseguiu.
"Já me falaram para ter cuidado, senão daqui a pouco vão começar a fazer romaria diante da árvore."
Católico, ele alega não acreditar que se trata de um fenômeno religioso.
"Deve ser uma doença da árvore", supõe.
"É coisa da natureza."
O líquido cai de um galho da sibipiruna que parece estar envolto por algodão amarelado. De acordo com a professora Maria Marcelina Milan Rupp, doutora em Entomologia e professora do Departamento de Agronomia, da Universidade Estadual de Maringá, um inseto sugador pode ser a resposta para os questionamentos de Melo e da vizinhança.
A professora explica que esse tipo de inseto se alimenta da seiva das árvores.
"Ele pode estar sugando muito mais seiva do que realmente precisa para se alimentar. Com isso, o excesso é eliminado."
Quando viu, pela primeira vez, um líquido caindo do galho da árvore, Melo achou que poderia ser um passarinho. Como olhava para a sibipiruna e não via nada, deixou o assunto de lado.
Dias depois, os pingos, com três centímetros de diâmetro, se intensificaram. A esposa de Melo desistiu de limpar a calçada porque o líquido não dá trégua.
Preocupado com o risco de acidentes, já que o líquido deixa a calçada escorregadiça, o morador quer pedir o corte do galho, mas não sem antes conseguir uma resposta sobre o mistério da sibipiruna.