Apesar
de registrar ligeira queda no primeiro trimestre, a Bolsa de Valores
continua com grande volatilidade e a tendência - segundo os
especialistas - é que esse quadro persista até o final do ano, motivada
pela crise nos Estados Unidos. Por conta desse quadro, há muita
divergência em relação ao comportamento do Ibovespa até dezembro.
Outros investimentos, como fundos DI (fundos de renda fixa que
acompanham a taxa de juros do CDI) ou renda fixa tradicional apresentam
expectativas de remuneração baixa (veja quadro nesta página).
Segundo o economista e professor da Universidade Estadual de Maringá
(UEM), Joílson Dias, a instabilidade registrada no primeiro semestre
vai continuar no segundo. "A bolsa brasileira acompanha, na maior parte
do tempo, as bolsas internacionais", explica Dias. "Acho difícil ela
descolar das demais no segundo semestre e começar a refletir o bom
andamento da economia brasileira."
Joílson Dias comenta que a instabilidade está associada à crise na
economia americana, que continua sendo aprofundada. "As políticas
econômicas implementadas pelo Federal Reserve (Fed, o Banco Central
norte-americano) ainda não surtiram efeito", ele avalia.
O economista alerta ainda que muitos bancos americanos de pequeno porte
vão anunciar que possuem carteira de investimentos do mercado subprime
(crédito imobiliário concedido a pessoas com histórico financeiro
ruim). "Esta onda já está atingindo alguns setores da economia
americana que produzem material de construção em geral. Que, por sua
vez, vai estender para os demais setores, antes de ser resolvida a
situação", aposta Dias.
Para o analista de investimentos Artur Felipe Fischer Pessuti, da
Paraná Banco Asset Management (PAM), a expectativa é que o Ibovespa
(que registrou queda de 5,26% no primeiro trimestre) feche o ano com
alta de 18%. "Trabalhamos com um cenário em que a Bolsa continua
instável e muito volátil no primeiro semestre", comenta Pessuti. "Mas
deve melhorar, pois o impacto da redução de juros no mercado americano
vai ser sentido no segundo semestre."
O analista entende que, por conta da bolsa brasileira estar muito
atrelada a commodities (40% das ações), a tendência é de valorização.
"Os países do Bric, querendo ou não, estão amenizando o impacto que
teria a crise americana", salienta, referindo-se aos países emergentes
(Brasil, Rússia, Índia e China).
Pessuti destaca também que há a possibilidade de entrada do Brasil no
investment grade - selo fornecido por agências de risco internacionais
e que atestam que o país tem qualidade de investimento. "O Peru acabou
de ser classificado no investment grade, então a tendência é que o
Brasil também entre", prevê.