O Observatório Social de Maringá
(OBS), entidade organizada pela sociedade civil do município, apontou
diversas irregularidades na reforma do Restaurante Universitário (RU) da
Universidade Estadual de Maringá (UEM). As mais graves são índicios de superfaturamento e atraso nas obras, segundo o próprio OBS.
Para quem caminha pelo campus, pouco se vê de crescimento na obra
orçada em mais de 1 milhão de reais. A construtora responsável, no
entanto, já recebeu por muitos serviços que ainda não foram prestados,
constata a entidade.
As investigações foram feitas com base em análise de uma série de
documentos referentes à reforma. Uma das notas observadas, por exemplo,
apontava que quase 70% da obra estava concluída, o que não se constatou
nos canteiros.
A fiscalização da universidade também confirmou a realização de
serviços que incluiam a cobertura, esquadrias, alvenaria, revestimentos,
bancadas e divisórias de granito. "A gente foi até o local para
verificar se correspondia à realidade do andamento da obra. Mas, tivemos
a surpresa de verificar que muito do que estava atestado como
concluído, na realidade, não havia sido executado ainda", conta o
vice-presidente do Observatório Social, Paulo Bandolin.
A previsão de conclusão da obra era para o início de 2014, mas, segundo
os especialistas da OBS, a reforma está longe de terminar. No espaço
projetado para ser a cozinha do restaurante universitário, não há piso,
revestimentos nas paredes, bancada ou instalação elétrica. Mesmo assim, o
engenheiro responsável, Rodrigo Vicente, insiste que a construtora já
concluiu os 70% da obra. "Não só acredito, como tenho certeza. Eu venho
na obra todo dia. O que falta é o acabamento. Nós não começamos o
acabamento ainda", defende-se.
O engenheiro encarregado pela fiscalização da reforma, Samir Jorge,
afirma que o governo estadual tem atrasado o pagamento para as
construtoras. Ele admitiu que, para a obra não parar, emitiu documentos
com informações de que serviços não realizados já estavam concluídos
para que o pagamento fosse liberado.
"Ela é falsa [as informações] no sentido documental, mas no sentido da
execução, para nós, que estamos acompanhando a obra, tem o lastreio e
acompanhamos rotineiramente. Queremos ajudar a comunidade universitária.
Se nós tivéssemos seguido o rito processual, apenas rito processual,
correríamos um risco muito grande do dinheiro retornar para o governo e a
gente não ter a obra concluída".
http://g1.globo.com/pr/norte-noroeste/noticia/2013/12/obras-no-restaurante-da-uem-tem-irregularidades-graves-diz-entidade.html