Os prédios a ponto de cair das vielas do centro histórico de Porto, em Portugal, vão passar por reforma com toque maringaense: Yuri Piffer, estudante de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Estadual de Maringá (UEM), no norte do Paraná, foi selecionado para participar de um projeto para a reabilitação da cidade - o Arrebita! Porto. O objetivo é revitalizar a região central da cidade portuária, marcada pelo abandono das construções e pela segregação social, a custo zero.
O jovem de 21 anos foi escolhido em março de 2013, por meio de uma seleção feita pela internet. Os trunfos apresentados na entrevista, segundo ele, foram pesquisas feitas na própria UEM sobre moradia digna. Além disso, ele já havia visitado Porto em dezembro do ano passado.
“O projeto me interessou porque eu me indagava em como uma região tão importante e privilegiada como a baixada do Porto poderia estar em situação tão ruim. Passei três meses refletindo sobre isso e, ao procurar estágios na minha área, encontrei o Arrebita!”, lembra.
Além de Yuri, a equipe do projeto é formada por dois arquitetos portugueses, um italiano e um engenheiro polonês formado na Escócia. Para fazer a revitalização sem gastos, o Arrebita! recebe doações de empresas que, em troca, ganham descontos em impostos.
O centro de Porto é célebre, tombado como Patrimônio Cultural pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura). A área, no entanto, passa por desvalorização preocupante em virtude da falta de cuidado com a estrutura dos edifícios: nos últimos dez anos, a região já teve perda populacional de 30%, segundo Piffer.
“A mudança não se resume apenas à aparência da cidade, mas melhora a qualidade de vida dos moradores locais e aquece a economia local. No momento, estamos na fase final de projeto. Parte da equipe está fazendo detalhamento da construção e outra parte revendo o orçamento. Esperamos que ainda esse mês as obras de demolição comecem”, explica o estudante.
Ele diz estar ansioso para que as obras comecem, efetivamente - o início da revitalização ainda depende de ajustes no orçamento e no detalhamento da construção. “Depois de o projeto pronto, a rotina dos ‘arrebitas’ será no próprio canteiro de obras. Os cinco participantes irão por a mão na massa, desde execução do reboco da parede até instalações de pisos e canos sob orientação de profissionais especializados”.
Piffer é um exemplo de como a universidade maringaense pode fazer a diferença no mundo todo, de acordo com Ricardo Dias, diretor do Centro de Tecnologia da UEM e responsável pelas pesquisas do curso de Arquitetura e Urbanismo. “Alunos como Yuri mostram que o departamento tem qualidade e é reconhecido pelo que faz. A universidade oferece boa formação e capacita pessoas interessadas a participarem de um projeto mundial como é o Arrebita! Porto”, orgulha-se Dias.
Para ele, outros alunos de arquitetura devem tomar o estudante da UEM como exemplo. “O aluno de arquitetura deve conhecer o mundo. É fundamental que conheça outros países e culturas. É preciso ter iniciativa, como Yuri sempre teve. Eles mudam a universidade com a experiência que trazer, quando voltam”, ressalta.
Dias afirma que projetos semelhantes podem ser feitos em Maringá. “A arquitetura também tem papel na melhoria social, do habitat humano. Se criamos mecanismos, podemos implantar algo semelhante para melhorar a vida do maringaense”.