O Observatório Social de Maringá[1] (OBS), entidade organizada pela sociedade civil do município, apontou diversas irregularidades na reforma do Restaurante Universitário (RU) da Universidade Estadual de Maringá (UEM[2]). As mais graves são índicios de superfaturamento e atraso nas obras, segundo o próprio OBS.
Para quem caminha pelo campus, pouco se vê de crescimento na obra orçada em mais de 1 milhão de reais. A construtora responsável, no entanto, já recebeu por muitos serviços que ainda não foram prestados, constata a entidade.
As investigações foram feitas com base em análise de uma série de documentos referentes à reforma. Uma das notas observadas, por exemplo, apontava que quase 70% da obra estava concluída, o que não se constatou nos canteiros.
A fiscalização da universidade também confirmou a realização de serviços que incluiam a cobertura, esquadrias, alvenaria, revestimentos, bancadas e divisórias de granito. "A gente foi até o local para verificar se correspondia à realidade do andamento da obra. Mas, tivemos a surpresa de verificar que muito do que estava atestado como concluído, na realidade, não havia sido executado ainda", conta o vice-presidente do Observatório Social, Paulo Bandolin.
A previsão de conclusão da obra era para o início de 2014, mas, segundo os especialistas da OBS, a reforma está longe de terminar. No espaço projetado para ser a cozinha do restaurante universitário, não há piso, revestimentos nas paredes, bancada ou instalação elétrica. Mesmo assim, o engenheiro responsável, Rodrigo Vicente, insiste que a construtora já concluiu os 70% da obra. "Não só acredito, como tenho certeza. Eu venho na obra todo dia. O que falta é o acabamento. Nós não começamos o acabamento ainda", defende-se.
O engenheiro encarregado pela fiscalização da reforma, Samir Jorge, afirma que o governo estadual tem atrasado o pagamento para as construtoras. Ele admitiu que, para a obra não parar, emitiu documentos com informações de que serviços não realizados já estavam concluídos para que o pagamento fosse liberado.
"Ela é falsa [as informações] no sentido documental, mas no sentido da execução, para nós, que estamos acompanhando a obra, tem o lastreio e acompanhamos rotineiramente. Queremos ajudar a comunidade universitária. Se nós tivéssemos seguido o rito processual, apenas rito processual, correríamos um risco muito grande do dinheiro retornar para o governo e a gente não ter a obra concluída".