Estudantes da Universidade Estadual de Maringá (UEM), no norte do Paraná, mostraram um vídeo onde foram agredidos por vigilantes da própria universidade na noite de quinta-feira (5).
Eles mostram hematomas, marcas de agressões e ferimentos causados por socos e pontapés desferidos pelos servidores. Os estudantes registraram Boletim de Ocorrência (B.O) na Delegacia de Maringá.
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‘Enquanto eu cuspia sangue, os vigias riam lá de dentro da universidade’, diz a estudante vilhenense Tamires Schmitt, atingida por uma pedra durante a confusão
Segundo os alunos, aproximadamente 30 vigias cercaram um dos blocos da universidade, no qual eles estudavam, e esperaram a saída deles. Os universitários deixaram o local que, afirmam ser escuro e distante da saída da UEM, e foram até a sala do Diretório Central dos Estudantes (DCE), próximo a um portão. Ainda conforme os estudantes, alguns homens poderiam não ser funcionários da UEM porque estavam sem coletes de identificação.
Os vigilantes, contam os universitários, seguiram o grupo de estudantes, e, por volta das 23 horas, os abordaram. Segundo o estudante de Ciências Sociais João Paulo de Assis, 22 anos, os funcionários pediram, com truculência, para que todos deixassem a universidade.
“Disseram que era proibido ficar aqui, que os portões estavam fechados. Nós alegamos que a universidade era um patrimônio nosso e perguntamos quem é que tornou essa proibição pública. Eles, então, disseram que o diálogo tinha acabado e chutaram um dos nossos. Foi aí que começou a pancadaria”, relata o estudante.
Ele conta um dos servidores fazia gestos que simulavam uma arma, dizendo que “ia resolver aquilo”. “Não tinha motivo nenhum para fazerem isso. É repressão política. Eles já tinham alvos e estão nos perseguindo há algum tempo”, afirma. Assis garante que eles apenas conversavam dentro da universidade e não havia consumo de bebidas ou drogas.
A estudante vilhenense Tamires Pereira Schmitt, 23 anos, do curso de Artes Cênicas, conta que foi atingida por uma pedra na confusão. Ele teve traumatismo craniano e levou sete pontos na testa, em razão do corte causado pelo objeto. “Quando eu vi, a pedra estava em cima de mim. Veio de fora para dentro. Minha cara jorrava sangue. Enquanto eu cuspia sangue, eles [os vigilantes] riam da minha dor lado dentro”, lembra.
Tamires disse que outro estudante teve o nariz quebrado pelos seguranças – ele está internado no Hospital Universitário (HU) de Maringá. “Eu não sei como vou fazer para andar na universidade mais. Não posso mais circular sozinha. Agora, estou marcada fisicamente”, lamenta Tamires, indicando o ferimento na testa.
Há 28 anos trabalhando na universidade, a professora Marta Belini, presidente do Sindicato dos Docentes da UEM (Sesduem) garante que o problema com os vigilantes já é antigo. “Eles sempre deram problema e nenhum reitor faz nada. Nos sentimos totalmente desprotegidos aqui dentro. Os vigias estão aqui para proteger o patrimônio, não é? Os alunos são o nosso maior patrimônio. O reitor é o principal responsável por tudo isso. Ou ele assume isso logo e pede para sair ou vamos ter morte dentro da UEM”, revolta-se.
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