A nossa querida e imprescindível Universidade Estadual de Maringá firmou um “convênio para novas tecnologias no campo” com a empresa Basf, famosa multinacional de origem alemã, fundada em 1865 e que atualmente está presente em 170 países, produzindo cerca de 8 mil produtos químicos, plásticos, petróleo e gás, segundo o site oficial da empresa, voltados para a agricultura e a nutrição.
De acordo com o Informativo da UEM, a parceria com a empresa multinacional deve durar por cinco anos e possibilitar pesquisas em soja, cana-de-açúcar, frutas e vegetais. Está previsto que dezenas de pesquisadores e acadêmicos do curso de Agronomia participem de projetos conjuntos com a Basf.
Mas não podemos esquecer que durante a Segunda Guerra Mundial a Basf fazia parte do conglomerado IG Farben que apoiou o regime nazista na Alemanha, inclusive produzindo o tristemente famoso pesticida Zyklon B, que era utilizado nas câmaras de gás para exterminar os prisioneiros dos campos de concentração. Atualmente a empresa é uma das maiores fabricantes de agrotóxicos no Brasil.
Toda forma de conhecimento científico deve ser questionada. Este é um dos princípios que possibilitam a superação dos inúmeros equívocos da ciência e gera novos conhecimentos. Mas para isso é necessário que os cientistas e as universidades sejam independentes em relação aos poderes estabelecidos, às instituições dominantes e às empresas.
Sem autonomia científica vamos produzir conhecimentos que podem até gerar lucros para as empresas, impostos para o Estado e turbinar a carreira acadêmica dos pesquisadores, mas que podem ser profundamente prejudiciais à humanidade, como os inúmeros exemplos de danos que esta empresa, agora conveniada com a nossa UEM, já provocou na integridade física das vítimas dos seus produtos químicos mundo a fora.
Seria muito melhor que a UEM e seu Curso de Agronomia não fizessem parte da trágica e degradante história da BASF.
* WALTER PRAXEDES é Doutor em Educação pela USP e professor do Departamento de Ciências Sociais da UEM