DEMOCRATICAMENTE PUBLICO NOTA DE REPÚDIO AO
PROFESSOR JOÍLSON DIAS DA UEM.
GARANTO ANTECIPADAMENTE E DESDE JÁ
O DIREITO EM IGUAL ESPAÇO DE RESPOSTA.
Caros(as),
A referência da educação deve ser o ser humano, não a economia
Nota de REPÚDIO aos argumentos do Prof. Joílson Dias, do departamento de Economia – UEM, publicados no Jornal da UEM do mês de abril/2013 (nº 109).
A gratuidade de ensino da Universidade Estadual de Maringá, mais que um marco histórico de celebração, representa um movimento de luta, de grande mobilização social em defesa da expansão do ensino superior público e gratuito no Brasil. Representa ainda uma demanda de interesses comuns tanto da comunidade acadêmica (alunos, docentes e técnicos), quanto da comunidade externa (classe trabalhadora, principalmente), como apontado pelos professores Reginaldo Benedito Dias (Deptº História – UEM) e Valério Arcary (IFSP). É uma conquista que, muito além da acessibilidade de ensino, evidencia um processo de luta coletiva e consciente contra as arbitrariedades governamentais. Em suma, muito além do pragmatismo dos direitos, a luta representa a construção de um novo processo educacional para sociedade brasileira.
25 anos se passaram e a UEM continua pública e gratuita, com uma qualidade de ensino muito respeitosa e eficiente. Mas continuará sendo? Onde está a luta das comunidades em favor de uma universidade vista como “a melhor do PR”? Será que o produtivismo acadêmico manterá essa conquista? Ou será que estão todos acomodados e satisfeitos? Tais indagações, ou provocações, pretendem demonstrar que nada está garantido e que a luta e a conscientização devem ser constantes e cada vez mais esclarecedoras, caso contrário, seremos reféns do imediatismo e vulneráveis a propostas absurdas e tendenciosas de privatização da educação pública, isto é, de transformar o público em privado. Educação não é mercadoria! Ou melhor, não é problema econômico! Ou ainda, não é problema e nem negócio! Educação é para a vida, e, portanto, sua principal referência deve ser o ser humano!
É essencial e necessário que a mobilização social em defesa do ensino público ressurja para combater certos argumentos e ideias que vão contra ao princípio da educação para a vida e defendem uma educação tecnicista e mercadológica, comparando ou desmerecendo universidades brasileiras em relação às estrangeiras (europeias, norte americanas), como se a melhoria da qualidade do ensino estivesse no ato de pagar, de tornar o estudante um mensalista, de dar maior controle ao Estado, e, assim, obrigar o corpo docente e a administração em geral a ter maior responsabilidade. Proposta esta que faz da educação pública, principalmente das universidades, uma reprodução do conhecimento e um meio para intensificar apenas a globalização capitalista. A mobilização acadêmica e trabalhadora, principalmente, deve, com urgência, retomar o seu papel de luta contra as cadeias do determinismo neoliberal, reconhecendo que a educação para a vida é um campo aberto de possibilidades. Para isso, devemos buscar uma Universidade Pública, Gratuita, de Qualidade e, também, Autônoma.
Nesta acepção, o Movimento em Defesa da Educação para Além do Capital (MEK), com apoio do Fórum em Defesa da Autonomia Universitária (FODAU), do Centro Acadêmico Florestan Fernandes (CAFF - Ciências Sociais) e do Diretório Central dos Estudantes (DCE - gestão “Movimente-se”), REPUDIA completamente os argumentos do professor Joílson Dias (Deptº Economia - UEM), publicados no Jornal da UEM do último mês de abril/2013 (nº 109), onde ele defende que as famílias paguem os estudos de seus filhos, pois, em suas palavras: “a universidade não dependeria da administração do governo para fazer investimentos, contratação e substituição de funcionários e professores, gastos de consumo... considero o melhor e mais eficiente sistema (...)”. Trata-se de um argumento falacioso fundamentado na desqualificação e no desrespeito de toda a sociedade, tendo em vista que a sua maioria é formada pela classe trabalhadora, que muito contribuiu e contribui para o crescimento social, político e econômico do país e muito pouco recebe - na maioria das vezes de forma precária – de retorno e reconhecimento. Daí, perguntamos: o trabalhador não é digno de retribuição gratuita e pública, ou melhor, ele não merece uma qualificação para sua vida, incluindo sua família? O trabalhador, mais que um contribuinte de impostos, mais que simples mão-de-obra, é um ser humano, e, portanto, a educação tem que servir de conscientização no seu processo emancipatório de vida, e não como um mecanismo alienante que contribui para a lógica do Capital.
Portanto, estudantes, docentes, técnicos e trabalhadores em geral, tomemos consciência da urgente necessidade de combater coletiva e continuadamente certas hipocrisias e defender uma Universidade de fato Pública, Gratuita, de Qualidade e Autônoma, e fazer desta um mecanismo de transformação e emancipação social.
Maringá-PR, 01 de maio de 2013.
MEK / FODAU / CAFF / DCE “Movimente-se”
http://www.paulovergueiro.com/mapadosite2/4845-nota-de-repudio-ao-professor-joilson-dias-da-uem.html