Depois de uma semana de muita luta, mobilização e paralisações, os professores das universidades estaduais decidiram suspender a greve que foi deflagrada pela categoria. O movimento durou seis dias na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), dois dias na estadual do Oeste (Unioeste) e de Maringá (UEM) e apenas um dia na Universidade do Centro-Oeste (Unicentro).
© Ilustração
UEPG permaneceu seis dias sem aula, enquanto que a Unicentro aderiu ao movimento apenas na quinta-feira
A decisão ocorreu um dia depois que o Governador Beto Richa sancionou o Projeto de Lei que garantiu a reposição salarial de 31,73%. A primeira parcela deste aumento será disponibilizada a partir de outubro. Na nova tabela os salários dos professores universitários variam de R$ 2.504,29 para professores com 40 horas semanais sem especialização e Tide (Tempo Integral de Dedicação Exclusiva), até R$ 14.395,88 para doutores.
O presidente da Associação dos Docentes da Unicentro (Adunicentro), Denny William, afirma que essa medida foi uma grande vitória para toda a categoria, pois a pressão da comunidade universitária foi decisiva para que os deputados votassem e aprovassem o projeto por unanimidade em tempo recorde.
“O movimento foi muito bem estruturado e já tínhamos adesão de quatro universidades estaduais, além de outras instituições que tinham indicativo de greve. Temendo que isso se estendesse o governo cedeu. Em tempo recorde o governador sancionou a lei em um dia e meio. Isso aconteceu porque os professores tiveram um papel decisivo de fazer o governo se mexer. A categoria se uniu. Cada professor assumiu sua parcela, participou das reuniões, assembleias e não foram ministrar as aulas”, comemora William. Apesar da suspensão da greve, os sindicatos emitiram um sinal de alerta e confirmaram novas assembleias em outubro para fiscalizar e cobrar a aplicação do projeto sancionado por Richa.
Manobra
Outra indignação dos docentes foi à forma como o projeto de equiparação salarial foi enviado a Secretaria da Fazenda do Estado. O presidente da Adunicentro, diz que ocorreram alterações em relação ao primeiro projeto encaminhado à Alep em março deste ano. Uma das mudanças foi que o Tribunal de Contas do Paraná emitiu um alerta informando que o governo havia ultrapassado o limite prudencial da Lei de Responsabilidade Fiscal fixado em 46,55% do orçamento. Desta forma, o governador estaria impedido de conceder reajuste salarial para os docentes universitários.
Para William essa medida foi uma maneira da Secretaria da Fazenda para manobrar os pagamentos dos servidores adicionando gastos de imposto de renda ou de pensionistas e aposentados que não fazem parte dos itens previstos na Lei de Responsabilidade Fiscal. “Conseguimos provar que a secretaria da Fazenda vinha manipulando os dados. O governo tinha dinheiro e na reunião com o chefe da Casa Civil equacionamos esse fato. Aí o governo foi obrigado a resolver a situação, mas a panela só aliviou porque ela deve estourar no ano que vem”, conta.
Alguns dos pontos que continuam na pauta de discussões e que podem gerar novas paralisações no futuro estão a Lei de Carreira dos professores, questões da precarização do trabalho e orçamento das universidades.
Docentes das universidades estaduais suspendem greve
- Blogs e outros sites
- Acessos: 534