“BadenBaden”, do Grupo BadenBaden, da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), Florianópolis/SC, foi o espetáculo mais premiado do 25º Festival Internacional de Teatro Universitário de Blumenau (Fitub), promovido pela Universidade Regional de Blumenau (Furb). A peça teatral levou os troféus de Figurino, Conjunto de Atores, Direção e Melhor Espetáculo da Mostra Universitária Nacional.
“Malva Rosa”, do Casúlo Dramaturgia de Atores da Universidade de Brasília (UnB), Brasília/DF, conquistou o prêmio de Concepção Sonora. Já o troféu de Iluminação foi para “A Visita da Velha Senhora”, do Grupo TUM da Universidade Estadual de Maringá (UEM), Maringá/PR. O destaque em Cenografia ficou com o espetáculo “Estufa”, do Coletivo Kerencaferem da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro/RJ.
A atriz premiada na 25ª edição foi Sara Mello Neiva, que interpretou Karola, Dona Anne e Joana em “Marie”, da Marie Cia. de Teatro, da Universidade de São Paulo (USP), São Paulo/SP. O destaque entre os atores foi Lucas Dilan, como Platona Jhonys, em “A Saga no Sertão da Farinha Podre”, do Coletivo Teatro da Margem da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) – Uberlândia/MG.
O espetáculo destaque da Mostra Paschoal Carlos Magno foi “La Vida es Sueno”, da Compañia de Titiriteros de la UNSAM, Universidad Nacional de San Martin, Buenos Aires – Argentina.
“Momento enriquecedor”
“BadenBaden” foi o último espetáculo a ser encenado na Mostra
Universitária Nacional e assim, encerrou também as análises realizadas
pelos profissionais convidados a esta edição Fitub para debater as
montagens. Segundo o diretor de “Badenbaden”, Vicente Concilio, a
análise do espetáculo é um momento enriquecedor para o grupo. Para ele,
este “sair da universidade” é muito importante. Primeiro pela dimensão
do evento e também pela situação de estar em outra cidade, montar uma
produção que está sendo esperada pelo público e ser analisado por quem
tem e vem com outras referências. “É quando podemos ser vistos por
olhares diferentes aos que estamos habituados. São pessoas que não nos
amam, que não tem vínculo afetivo com o que preparamos”, destacou.
Alexandre de Sena, vindo de Minas Gerais, foi convidado a participar da Comissão Julgadora e esteve presente do primeiro ao último dia do Fitub, acompanhando quase todos os espetáculos. “A Mostra Nacional teve a mulher como um tema recorrente. E, sem falar sobre qualidade, afirmo que os alunos estão na permanente busca em entender a linguagem teatral”, observou.
Convidada a analisar os espetáculos, Fátima Saadi, do Rio de Janeiro, acompanha o Fitub há oito anos. “Nesta edição, percebi a disparidade da preparação técnica em geral. Um descuido da formação do corpo e da voz, da estética, por exemplo”. Mas, segundo a própria Fátima, esta oscilação “é normal em se tratando de um festival universitário”.
Para um dos mentores do Fitub, José Ronaldo Faleiro, as análises dos espetáculos são, de fato, a grande qualidade do evento. “O olhar de especialistas que generosamente falam com os grupos, criando uma contribuição muito necessária quanto à crítica. Muitas vezes é a primeira vez que estão tendo um retorno sobre o que fazem nos palcos”, aponta Faleiro. “O Fitub é um grande encontro. É um momento para ser comemorado”. E, sobre o fazer teatral, ele afirma, “é necessário que as pessoas façam o teatro com técnica, com pesquisa, mas principalmente com entusiasmo, com crítica e com amor”.
Em números
Vinte mil pessoas acompanharam os espetáculos deste ano, divididos nos auditórios e na praça do Teatro Carlos Gomes, Laboratório de Teatro do Campus 1 da Furb, nos locais por onde passou o Palco sobre Rodas e na Fundação Cultural de Blumenau.
O Fitub reuniu grupos de sete estados brasileiros (Santa Catarina, Paraíba, Rio de Janeiro, Distrito Federal, São Paulo, Minas Gerais e Paraná) e também de quatro países: Argentina, Chile, Paraguai e Israel. Os 17 grupos participantes trouxeram ao festival 160 pessoas: 40 na Mostra Blumenauense, 50 na Ibero-Americana e 70 na Mostra Nacional. Entre debatedores, jurados e coordenadores de oficinas, foram 40 convidados. Já a equipe de trabalho foi composta por 80 pessoas.
Foram 34 apresentações realizadas, 12 oficinas, 12 debates, duas Conversas sobre Teatro, um Cabaré Memória, uma Jornada Latino-Americana de Estudos Teatrais, uma Fresta, uma Mostra de Vídeo Rute Zendro, uma solenidade de abertura e uma de encerramento. Oito dias foram dedicados à cultura e à arte. 25 anos de história foram revividos.
26º Fitub
Ao agradecer o empenho da equipe realizadora do - grupos participantes, público “sempre presente”, deuses e anjos do teatro -, a coordenadora do Festival, Pita Belli, anunciou o tema da próxima edição do evento: “Ética e Produção”. “Discutir a ética nas relações é importante sempre”, ressalta, “e a produção é um dos grandes desafios de quem faz teatro. Desde a produção executiva, na montagem das peças, até o financiamento dos espetáculos, a captação de recursos”, antecipa a coordenadora.