A última invasão da reitoria – acho que já podemos concluir – foi um fracasso. Durante a invasão, grupos políticos das mais variadas orientações (mas todos vermelhos) ocuparam o nosso campus. A UEM foi invadida por bandeiras do PSTU, PSOL, PCdoB, ANEL e até, o que não faz sentido pra mim, do MST. A ocupação, apesar de ter sido pouco violenta, sujou o nome do movimento estudantil e conseguiu pouquíssimos resultados concretos (o único que consigo pensar é a redução do preço do xerox da biblioteca).
Nos dias que se seguiram ao fim da ocupação a UEM viu uma campanha
de pichações de proporções inéditas em sua história. O velho centro da
nossa universidade ganhou uma quantidade absurda de marcações
enaltecendo a invasão e pedindo uma “paralização” (com z mesmo) dos
estudantes. Algumas pichações até citavam a Movimente-se –
favoravelmente – pelo nome. Um ato executivo da reitoria, não
relacionado de maneira nenhuma com a ocupação, que proibia o consumo de
bebidas alcoólicas no campus e exigia autorização para a realização de
festas na propriedade da UEM foi propagandeado pela chapa como uma
proibição retaliatória dos saraus. A propaganda chegava ao cúmulo de
citar um texto que seria do ato executivo – mas era completamente
inventado (esse episódio vai ganhar um post exclusivo mais tarde).
Apesar disso, a Movimente-se revelou recentemente através de seu
blog, no dia 21 de março de 2012, que não descarta a possibilidade de
uma nova invasão esse ano. É fácil entender por quê: a grande vencedora
da ocupação foi a movimente-se. A popularidade da chapa chegou a seu
ponto mais alto nos dias em que aconteceu a invasão. Sem ela o mandato
da chapa seria marcado apenas por uma degeneração do espaço físico do
DCE – por que colar ladrilhos nos bancos? – e algumas passeatas cheias
de bandeiras vermelhas. Até mesmo uma chapa fraca e mal-organizada como a
“UEM nos UNE” teria chances em uma eleição contra uma Movimente-se sem
ocupação.
Porém, como vemos, a ocupação foi muito alarde para pouco resultado.
Foi um marketing bastante efetivo principalmente entre aqueles
estudantes que ansiavam por fazer parte do tal “movimento estudantil” de
que ouviam falar, em tom de nostalgia, de seus professores de história
no ensino médio – alguns continuam a ouvir falar nisso durante a
faculdade.
Esses professores também tem a sua parcela de culpa. Na tentativa de
reviver seus anos dourados através de seus pupilos eles os doutrinam em
uma filosofia que fazia sentido na época da ditadura, quando falar mal
do governo em público significa se arriscar a levar cacetete ou, se você
fosse um líder, até mesmo ser torturado. Alguns desses mestres
congelaram no tempo e ainda acham que vivem na época do AI-5.
A era em que vivemos, entretanto, é outra. Não há mais espaço para
movimentos políticos que se propõem a mudar o mundo usando força bruta,
ocupações, invasões ou pichações. Vivemos em uma democracia plena em que
a manipulação – escrevo essa palavra sem conotação negativa – da
opinião pública é a melhor maneira de realizar mudanças. É por isso que
os estudantes precisam – e muito – da amizade da imprensa, e não da sua
inimizade. Aquela “arte” dentro do DCE, que mostra um repórter de cara
feia ao lado de um policial apontando uma espingarda para a cara de um
estudante da UEM é bastante representativo da atitude que a Movimente-se
tem, e não deveria ter, para com a imprensa.
Protestos físicos podem sim dar resultados: um exemplo recente
aconteceu aqui em Maringá mesmo, durante o debate sobre o aumento no
número de vereadores – e mais tarde o aumento de seus salários. Cidadãos
maringaenses ocuparam a câmara municipal pacificamente e sem impedir
seu funcionamento. O protesto deu resultado: nenhuma das propostas foi
pra frente. A câmara municipal, porém, é um espaço do povo, a reitoria
não. Outro lugar que é espaço do povo é a câmara estadual, em Curitiba.
Por que não?
Temos então nossos motivos para não realizar uma ocupação esse ano:
1 – Impedir a invasão do campus por partidos ou grupos políticos ou organizações terroristas como o MST.
2 – Não voltar a opinião pública contra os estudantes, tachando-nos de
badernistas. Isso é muito mais relevante agora depois do episódio dos
pneus.
3 – Não servir como peça de xadrez em um jogo político. Nós estudantes
não podemos ser usados para aumentar a popularidade de uma chapa.
4 – Já foi provado que ocupação não dá resultados, existem formas mais efetivas e legítimas de protesto.
http://reacaouem.blogspot.com.br/2012/03/por-que-nao-invadir-reitoria-novamente.html