Representantes do Laboratório de Ensino e Pesquisa em Análises Clínicas da UEM - LEPAC, em parceria com a 15ª Regional de Saúde, participaram na semana passada da última reunião dos prefeitos da Amusep e apresentaram um relatório sobre os danos que a desvinculação das receitas de Estados e municípios causam ao setor da saúde.
Denis Armando Bertolini, chefe do departamento de análises clínicas e biomedicina da UEM, Eneide Venazzi, farmacêutica responsável técnica do Lepac, Eliana Patussi, Coordenadora do Laboratório da UEM e Greicy Amaral, chefe da Vigilância Epidemiológica da 15ª regional de saúde, ilustraram aos prefeitos, a enorme e importante gama de serviços que o Lepac presta à sociedade.
Atualmente o LEPAC atende mais de 100 municípios de cinco regionais de saúde do noroeste do Paraná. Pelo Lepac passam pacientes de Maringá, Paranavaí, Cianorte, Umuarama e Campo Mourão. Em média, são atendidos cerca de 3000 pacientes por mês e são realizados aproximadamente 11 mil exames de média e alta complexidade, que servem a diagnosticar doenças como Tuberculose, HIV, Hepatite, Meningite e Hanseníase. A maioria dos exames dependem de verbas do convênio que existe entre a Universidade maringaense e o SUS.
O Lepac realiza também, o exame que diagnostica a Leishmaniose. Em todo o Paraná, o laboratório da UEM, é o único a realizar tal exame.
TUBERCULOSE: Laboratório da UEM realiza diagnóstico de tuberculose mais rápido e reduz custo para o Estado em até 4142%.
“Quando o exame de tuberculose é positivo, o custo de sua realização é de R$ 470, e o SUS nos repassa algo em torno a R$ 26”, diz Eliana Patussi, Coordenadora do Lepac à reportagem de O FATO MARINGÁ.
O prejuízo de cerca de R$ 450, com o repasse deficitário para exames como esse, são absorvidos graças a outros exames que produzem pequenas margens de lucro, explica a coordenadora.
Mas a boa gestão do Lepac não se restringe ao malabarismo das verbas repassadas pelo SUS, e fica mais evidenciada quando se fala da capacidade que o laboratório tem de economizar recursos ao diagnosticar com mais rapidez patologias como a tuberculose.
A tecnologia de ponta empregada pelo Lepac para diagnosticar casos de tuberculose com mais rapidez e eficiência, faz com o Estado economize até 4142% no tratamento.
O diagnóstico do Lepac é realizado em apenas 20 dias, já o exame realizado pela maioria dos outros laboratórios leva de 40 a 50 dias para ficar pronto.
Além de ficar pronto mais rápido, o diagnóstico de tuberculose do Lepac é capaz de distinguir bactérias sensíveis que podem ser curadas com antibióticos convencionais e mais baratos, de bactérias resistentes que requerem tratamentos mais longos e com antibióticos mais caros.
Obter o resultado de forma mais rápida, evita que o quadro do paciente se agrave, sem necessidade de tratamentos caros e demorados, enfatiza Patussi.
O tratamento de um paciente com bactérias resistentes a antibióticos tradicionais custa cerca de R$ 28 mil, já os que precisam de tratamentos tradicionais custam apenas R$ 660, gerando uma economia ao Estado de mais de 4000%.
“Desvinculação dos recursos coloca em risco atendimento da população além de produzirem prejuízos ao Estado”
A desvinculação dos recursos da União, dos Estados e dos municípios é o mecanismo pelo qual o Governo Federal retém verbas destinadas a setores essenciais como educação, previdência social e saúde. Esses recursos são deslocados a setores considerados prioritários na formação de superávit primário, mas quem paga o pato é a população.
No caso da saúde, a desvinculação produziu resultados negativos para a população da região noroeste do Paraná, que hoje assiste sem entender muito bem, a agonia pela qual passa um de seus principais laboratórios de análises clínicas do Paraná, o LEPAC da UEM. Na prática, a retenção de 30% dos recursos, inviabiliza a prestação dos serviços que já são feitos com muito sacrifícios mesmo antes dos cortes.
A redação de O FATO MARINGÁ quis saber da Coordenadora do Lepac, se ela pensa que os prefeitos que compõem a Amusep se sensibilizaram com a apresentação dos dados. Eliana Patussi respondeu com otimismo. “Na verdade, os canais já estão abertos e tenho certeza que os prefeitos receberam nossas informações até com alegria pois muitos nem conheciam bem os serviços que prestamos e a economia que geramos para eles também”, concluiu.
Para a Greicy Amaral, representante do diretor da 15ª Regional de Saúde, Ederlei Alkamin na reunião da Amusep, o Governo do Estado já está procurando viabilizar recursos para cobrir as carências produzidas pela desvinculação dos recursos. Greicy cita Beto Preto, Secretário Estadual de Saúde que pensa em deslocar para o interior, recursos destinados a estruturas de saúde da capital, evitando que pacientes tenham que viajar para Curitiba para realizar exames, já que laboratórios como o Lepac são em muitos casos, até mais eficientes.