A Prefeitura da Universidade Estadual de Maringá (UEM) começou a liberar chaves extras para que professores possam abrir salas e blocos para dar continuidade às aulas durante a greve dos servidores técnico-administrativos deflagrada na terça-feira (11). A confirmação da informação foi feita na manhã desta sexta-feira (14).
Segundo o prefeito do campus de Maringá, Igor José Botelho Valques, nem todos os docentes vão receber as chaves porque a prioridade é a agenda de eventos e palestras acadêmicos. Mesmo assim, a intenção da prefeitura é que a maior parte aulas não seja mais prejudicada pela paralisação dos servidores.
Alunos acusam servidores de ameaças, interrupção de aulas e blecautes forçados
Estudantes da UEM fizeram diversas denúncias contra alguns tipos de atos indevidos tomados pelos servidores, que deflagraram greve por tempo indeterminado na terça-feira (11). Segundo alguns alunos, os servidores fizeram ameaças, interromperam aulas e forçaram blecautes em alguns blocos.
Uma das ameaças citadas à reportagem, por exemplo, seria de trocar as fechaduras de blocos e trancar alunos e professores dentro da universidade. “Os professores abriam e os seguranças fechavam em seguida”, comentou o estudante de mestrado da UEM e programador André Noel.
“A greve tem a ver com a interrupção dos próprios serviços deles [servidores], não impedir o serviço dos outros ou as aulas, que depois terão que ser ministradas de forma atropelada”, comentou Noel. Ele ainda contou que a energia do laboratório do departamento de informática foi cortada, o que impediu que professores e alunos continuassem as pesquisas que faziam.
Em nota publicada no site da UEM, o reitor, Júlio Santiago Prates Filho, comentou que a universidade é contra qualquer ato que atrapalhe a atividade dos alunos ou professores.
“Em função da falta de logística, nem todas as aulas estão sendo atendidas ainda”, confirmou Valques. “Aos poucos estamos voltando à normalidade”. De acordo com o prefeito do campus, são os professores que precisam se direcionar à Prefeitura da UEM para pedir as chaves.
Outra situação que atrapalha a entrega das chaves são os próprios molhos extras, na maioria das vezes não identificados. “As chaves estão sem identificação, então está um pouco complicado fazer a entrega”, disse o prefeito do campus. A previsão é que na próxima semana tudo se regularize.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimento de Ensinos de Maringá (Sinteemar), Éder Rossato, declarou que os servidores são a favor da ação da prefeitura do campus. “Estão fazendo o procedimento normal. Não há objeção da nossa parte”, disse.
Bolsas não são pagas em alguns casos, acusam estudantes
Alguns monitores e bolsistas da UEM alegam que não receberam o pagamento da bolsa de setembro porque o quinto dia útil do mês caiu um dia antes do início da greve. O início do movimento teria interrompido os depósitos.
O estudante de zootécnica da UEM Ricardo Gomes Petrucci é monitor de apicultura e não havia recebido o salário até quinta-feira (13). “Não sou apenas eu, conheço mais gente que também não recebeu”, comentou. Ele confirmou que o pagamento da bolsa é geralmente feito no quinto dia útil do mês, com poucos atrasos.
A Gazeta Maringá conversou com bolsitas que receberam o valor na segunda-feira (10), o quinto dia útil de setembro. No entanto, diversos tipos de bolsas são oferecidos na UEM, desde pesquisas bancadas pelo governo até outras custeadas por fundações, o que pode explicar o atraso do pagamento em alguns casos.
Reivindicação dos servidores
A principal reivindicação dos funcionários é por um novo Plano de Cargos, Carreira e Salários (PCCS) e a realização de concursos para novas contratações. “Queremos ser atendidos e tratados como os professores. Queremos a mesma atenção para resolver os nossos problemas”, defendeu o secretário do Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimento de Ensino de Maringá (Sinteemar), Almir Carvalho de Oliveira.
De acordo com ele, a falta de funcionários sobrecarrega os servidores atuais, afetando a qualidade dos serviços prestados. Para ele, o governo estadual prometeu discutir as reivindicações dos servidores no mesmo projeto de lei que atendeu às solicitações dos docentes das universidades estaduais, no final de agosto. “Eles já voltaram atrás algumas vezes. Marcam conversa com nossos representantes estaduais e desmarcam.”