Em visita ao HU de Maringá neste fim de semana, CPI dos Leitos encontrou pacientes que estão nos corredores há quase 30 dias esperando por cirurgia ortopédica. Deputados vão propor novo acordo entre hospitais nesta semana na Assembleia
A fila de pacientes em busca de leitos no Sistema Único de Saúde (SUS), em Maringá, não se deve à falta de leitos, mas sim à má gestão e distribuição das vagas. Foi o que apontou o coordenador-geral da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Leitos do SUS no Paraná, Jefferson Abade, durante visita ao Hospital Universitário (HU) de Maringá no sábado (20).
Abade visitou os pacientes internados no HU de Maringá e colheu depoimentos. O coordenador se deparou, entre outros casos, com o de uma idosa de 83 anos que aguarda por uma cirurgia ortopédica há 23 dias. “Leitos existem, o que falta é a administração das vagas aqui em Maringá. Isso não pode e não vai ficar assim”, contou o coordenador em entrevista à Gazeta Maringá neste domingo (21).
CPI já visitou 11 cidades
A CPI dos Leitos do SUS foi aberta em 27 de abril deste ano e vem apresentando relatórios sobre os problemas detectados na Saúde do Paraná. Até este mês, foram visitadas 19 instituições de saúde em 11 cidades paranaenses.
Ainda segundo Jefferson, a briga entre os hospitais que atendem o SUS em Maringá faz com que os pacientes fiquem nos corredores. Segundo ele, o HU de Maringá e os demais hospitais que atendem o SUS na cidade podem ser condenados por omissão de socorro. “Os hospitais não se entendem e ficam brigando. É o HU de Maringá e o Hospital Santa Rita. Um diz que atende média complexidade e outro que atente apenas pequena complexidade. Enquanto isso, os pacientes ficam jogados até mesmo no chão como vimos”, ressalta Abade.
A neta da aposentada Sebastiana Fidelix Cristelli fez um desabafo à reportagem da RPC TV Maringá. “Não dá para acreditar que uma senhora idosa que passou a vida contribuindo nesta situação. Quase 30 dias aqui esperando. A impressão que temos é que estão esperando ela morrer para não gastar com ela”, contou a neta que não se identificou.
Depois da visita da CPI dos Leitos, a idosa foi transferida para o Hospital Santa Casa de Maringá na tarde de sábado (20), segundo informações da RPC TV. Até este domingo (21), a data da cirurgia ainda não havia sido marcada pelo hospital. Outros três pacientes foram transferidos, também no sábado, para o Hospital Metropolitano de Sarandi.
Novo acordo
Durante a visita ao HU de Maringá no sábado (20), Abade disse que os deputados vão propor, já na próxima semana, que os hospitais de Maringá que atendem ao SUS façam um novo acordo para administrar os leitos existentes na cidade. “Vamos impor aos hospitais uma conduta e pactos para que a cidade atenda melhor os pacientes. O que está acontecendo na cidade chega ser desumano por falta de entendimento dos hospitais. Nesta segunda já faremos uma reunião”, afirmou Jefferson Abade.
Outro lado
A reportagem tentou contato com o diretor clínico e superintendente do HU de Maringá, Dorvalino Gusmão, mas ele não foi localizado.
A superintendência do Hospital Santa Rita de Maringá, que também atende pacientes do SUS, não foi localizada pela reportagem neste domingo (21) para comentar o caso. Em nota encaminhada para a imprensa na tarde de sexta-feira (19), o superintendente do Hospital Santa Rita, Hiran Castilho, informou que 100% do pactuado pelo hospital está em dia. “Quem quiser conferir, pode ver o contrato assinado que estabelece o fluxo traumato- ortopedia de Maringá e região”, explicou.