O edital do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid) encerra no dia 28 deste mês. Trata-se de um programa federal criado em 2009 que oferece bolsas aos alunos de cursos de licenciatura presenciais que se dediquem ao estágio em escolas públicas e que, quando graduados, se comprometem com o exercício do magistério na rede pública.
No ano passado, foram oferecidas mais de 70 mil bolsas em todo o Brasil. Desde 2010, a Universidade Estadual de Maringá (UEM) participa do programa, que já concedeu bolsas a mais de 2 mil alunos de licenciatura da instituição. Atualmente, são 500 bolsistas – incluindo alunos de licenciatura, professores universitários que acompanham esses alunos e professores das escolas públicas, que também recebem uma bolsa para poder tutorar esses alunos.
Sem professores
Segundo José Antônio Martins, doutor em Filosofia e professor da UEM, o programa surgiu porque, por volta de 2006, alguns estudos mostravam que faltariam professores no Brasil.
"Dados do governo federal mostravam que haveria um 'apagão' de professores. Um dos motivos dessa carência iminente era porque havia grande evasão dos cursos de licenciatura e pouco chamariz. Os cursos de licenciatura não são os mais procurados porque [ser professor] é uma carreira desvalorizada. Entre as carreiras de nível superior, o professor é o profissional que ganha menos", explica.
O governo federal – inicialmente de modo experimental –, instituiu o Pibid em algumas universidades. O programa funcionou muito bem e se expandiu para todo o sistema universitário do Brasil.
As universidades públicas ou privadas que ofertassem cursos de licenciatura presenciais poderiam participar.
Qualidade
De acordo com Martins, o Pibid ajudou muito e conseguiu fazer aquilo que se propôs: manter os alunos no curso de licenciatura e fazer com que eles concluíssem a graduação.
"Percebemos que aumentou o engajamento dos alunos dos cursos. A UEM, após o Pibid, deu para a sociedade muito mais professores do que estava dando, e com uma qualidade melhor, por causa do empenho desses alunos, que agora podem se dedicar mais por causa da bolsa. Embora não seja grande coisa – R$ 400 por mês –, ajudava o aluno", conta.
Inicialmente, o Pibid funcionou com editais curtos. Em 2014, o governo federal fez um grande edital, com duração de 4 anos – começou em março de 2014 e vai até fevereiro deste ano.
Martins explica que faz um ano que as instituições envolvidas com o Pibid vêm solicitando ao governo que antecipasse o edital para dar continuidade ao projeto. Mas, por enquanto, nada foi feito.
"Não ter o Pibid vai significar, imediatamente, um decréscimo na qualidade, porque o aluno que não recebe mais a bolsa vai ter que buscar outras fontes de renda, não vai poder se dedicar totalmente ao seu curso de licenciatura e, infelizmente, alguns podem evadir. A descontinuidade de políticas públicas, como o Pibid, vai ter impacto direto no futuro do Brasil. A profissão docente tem que ser repensada e valorizada no nosso País", enfatiza Martins.
Ontem, o Ministério da Educação (MEC) informou que, até o início de março, o governo deve lançar o novo edital com oferta de vagas para o Pibid.
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