O gasto com material escolar é inevitável, mas é possível reduzir o valor da conta adotando medidas como pesquisa de preços.
Um dos itens que não falta na lista de fim de ano da professora
Gisele Pasquini é dar início às compras dos materiais escolares do
filho. Para driblar o alvoroço de clientes e o preço alto nas
papelarias, ela diz que se programa com antecedência e vai comprando os
materiais aos poucos, conforme permite o orçamento. Mãe de Ana Clara, 4 e
Gabriela, 17, Ramadis Guerra afirma que também se adianta para comprar
os materiais escolares para as filhas. Assim que recebe a lista do
Colégio Regina Mundi, onde as garotas estudam, já começa a pesquisar e
comparar os preços em, pelo menos, duas papelarias diferentes.
Já
a advogada Priscila Kutne faz parte da maioria dos pais que deixam as
compras para a última hora. Por conta da correria, ela diz que todo ano
vai adiando o compromisso e, quando se dá conta, está na véspera do
início das aulas. "Acabo pagando bem mais caro do que se eu me
organizasse para comprar antes", reconhece. No ano passado, ela diz ter
desembolsado em torno de R$ 220.
Para não gastar ainda mais,
Priscila age com cautela e compensa a falta de planejamento com pesquisa
de valores, conversas com outras mães para colher dicas e, tendo
aprendido com o erro, não leva mais os filhos Gabriel, 12 anos, e
Guilherme, 7, para fazer a compra. "Geralmente, eles querem os itens
mais caros e pedem até por coisas desnecessárias que estão fora da
lista. Se leva, gasta o dobro."
Educação financeira
Levar as
crianças para comprar os materiais escolares pode ser uma armadilha, mas
os pais podem aproveitar a situação para uma atividade educativa de
como instruir os filhos em seu papel de consumidor, ensinando-os a
economizar, administrar o próprio dinheiro e avaliar a qualidade dos
produtos visando a relação custo/benefício. "É possível transformar a
compra em uma aula de educação financeira adaptada para uma realidade
que seduz a garotada. É o mesmo que fazer isso na seção de chocolates em
um supermercado", compara o economista Darcy Pedro Thomas.
Para
Thomas, as crianças podem acompanhar os pais nas compras, contanto que
elas reconheçam as necessidades de se evitar o desperdício. Outro
impasse é a preferência quase sempre unânime dos pequenos por produtos
de marca, com super-heróis, bonecas famosas ou o escudo de times de
futebol estampando a capa dos cadernos. A compra racional, segundo o
economista, não se prende a marcas e nem a embalagens, e sim à real
utilidade do produto.
Com o recebimento da primeira parcela do
13º salário no final deste mês, o especialista sugere que os pais
antecipem as compras para evitar o stress do início do ano e para
aproveitarem os preços baixos. "Sempre temos muitos gastos no início do
ano, como impostos e despesas com viagens. Então, para não começar 2015
no vermelho, é importante se programar."
Thomas também recomenda
aos pais que façam uma pesquisa de mercado em, no mínimo, três lojas
para verificar se há muita diferença nos valores, não concentrar as
compras somente em um local, consultar a possibilidade de comprar via
internet - uma vez que não está inclusa a comissão do vendedor -,
verificar as condições de pagamento das lojas e, se possível, reunir
mais famílias para realizarem as compras em conjunto na tentativa de
conseguirem descontos.
Com exceção de empresas que compram direto nas papelarias e em grande quantidade, não é comum pessoas físicas se agruparem para fazer compras de materiais escolares diretamente no varejo, pois as chances de conseguirem descontos são mínimas. Já no atacado, o comerciante Anderson Guinoza relata que muitas mães se organizam para dividir os custos. "Tenho várias clientes que compram pacote fechado e, dependendo do produto, ganham desconto de até 40%." Os materiais mais solicitados são cadernos, lápis preto, lápis de cor, cola e borracha.
Desde que teve contato com as vendas em atacado, há 8 anos, a corretora de imóveis Sidneia da Costa opta em comprar os materiais escolares para as duas filhas em maior quantidade. Quando sobra algum item, ela divide com outras mães ou guarda para ser usado no ano seguinte. "É um desconto muito bom que não encontramos no mercado", compara.
Mas não é somente no ensino fundamental e médio que a prática da compra coletiva é identificada. Nas papelarias ao redor da UEM, por exemplo, antes do início das aulas os universitários se reúnem em grupo para fazer orçamentos com olho nos descontos em materiais específicos, próprios para cursos de graduação como Arquitetura, Artes Visuais e as diversas áreas de Engenharia. "Já recebi até 20 alunos na loja para comprar um material, e quanto mais conseguem reunir, mais descontos recebem", comenta a gerente Rosemeire Alves.