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Estudo mostra que UEM 'encolheu' 43%

Área original destinada ao campus era de 85 alqueires em 1969
Decretos sem contestação e litígios determinaram exclusões, aponta projeto

De 85 alqueires inicialmente destinados à Universidade Estadual de Maringá (UEM), só 48 se mantêm como da instituição. Estudo desenvolvido por alunos do curso de pós-graduação em Ciências Sociais da UEM aponta o encolhimento do campus entre 1969 e 2013. Intitulado "O processo de ocupação do campus sede da UEM", o projeto mostra que nesse período o espaço ocupado pela universidade encolheu 43%.

Apresentado ontem pelos alunos Lilian Chirnev, Anderson Pereira e Marcelo Gobato, a principal dúvida que norteia o estudo, ainda em andamento, é o que aconteceu com estas áreas.

O projeto indica que decretos municipais teriam determinado a exclusão de partes do campus. Atos legislativos que determinaram o corte das áreas foram apresentados e aprovados sem fundamentação ou discussão. Segundo Gobato, muitas destas situações sequer foram questionadas pela UEM.

A primeira exclusão foi em 1970, para destinar área à construção dos blocos do conjunto habitacional Maurício Schulman - o estudo sugere que este ato tenha sido resultado de acordo com o governo do Estado. No processo de retirada, nota-se que o espaço onde hoje está o Jardim Universitário também foi suprimido. "Não conseguimos encontrar um documento legal que mostre a exclusão da área que hoje é ocupada pelo jardim, mas notamos que no processo de desocupação, alguém chegou e loteou também", comentou a coordenadora do Observatório das Metrópoles, Ana Lúcia Rodrigues.

Para chegar ao encolhimento de 43%, o estudo ainda inclui no levantamento as áreas que estão em litígio e que estão sendo sugeridas para a ação de transposição do campus.

O estudo foi motivado por duas questões: a atividade acadêmica e o planejamento do Plano Diretor da UEM, do qual Ana Lúcia faz parte. "Queremos pensar em um plano para o desenvolvimento do campus, e não sabíamos quais áreas tínhamos à disposição", explicou a professora. O Projeto de Desenvolvimento da Instituição (PDI) prevê a expansão da UEM nos próximos 10 anos.

"Todo mundo estava achando que tinha espaço sobrando, e não tem. Agora vamos estudar o que será feito como alternativa", aponta a coordenadora. Uma das propostas é a verticalização dos blocos.

TRANSPOSIÇÃO
Um 'contorno leste' é a proposta mais próxima de um consenso entre município e UEM para a transposição viária do campus da instituição. Até o dia 6 de novembro, a sugestão estava em análise pelo Conselho Administrativo da universidade. Para a obra, a UEM deve ceder parte do terreno, mas espera por contrapartida da prefeitura.

ÁREA NÃO CHEGOU A SER DA UEM, DIZ ADVOGADO
Na defesa de cinco famílias que têm propriedades na área que seria da UEM, o advogado Alberto Abraão disse que já houve julgamento no Supremo Tribunal Federal, no início deste ano – a UEM perdeu - e que a discussão foi encerrada. "A UEM nunca teve esses terrenos. Havia a previsão no projeto original, mas não chegou a ter a área. O título de apropriação da área acabou não acontecendo", disse. Para ele, o enfoque do projeto, de que a área da instituição foi reduzida, está errado. "No início da UEM, se acreditava que a universidade tinha perdido esse espaço. Mas para se ter ideia, ali não há só propriedades, mas bairros que cresceram na região, em cima dessa área para a qual inicialmente estava prevista a desapropriação", completa Abraão. A área em questão, envolvida em ações de usucapião. corresponde a 96,8 mil metros quadrados.

http://www.odiario.com/cidades/noticia/784852/campus-da-uem-perdeu-43-da-sua-area-original/