Imprimir

90% dos maringaenses se consideram felizes

Tales de Mileto, o primeiro filósofo grego, dizia que é feliz o homem que tem "corpo são e forte, boa sorte e alma bem formada". Na Idade Moderna, o prazer e a ausência da dor eram essenciais à felicidade. A definição mais recente, e mais aceita na última década, é que pessoas felizes reúnem três elementos: prazer, engajamento e sentido da vida.
Há 30 anos, a felicidade é aferida matematicamente em diferentes países. O estado de contentamento dos maringaenses passou a ser auferido em 2005, por meio do Departamento de Economia da Universidade Estadual de Maringá (UEM) e da Associação Comercial e Empresarial de Maringá (Acim).
Em uma escala de 0 a 10, o Índice de Felicidade em Maringá está em 8,09; mesmo patamar de países desenvolvidos, como Noruega e Suíça. De cada 100 maringaenses, 90 se consideram felizes. As raízes da felicidade, segundo a pesquisa, estão na saúde, no relacionamento com vizinhos e família e na situação econômica. Medir a felicidade, segundo o coordenador do estudo, o pós-doutor em economia Joílson Dias, contribui para traçar políticas públicas. "Se o indicador cair, as pessoas vão querer saber quem foi o responsável. É mais ou menos como a qualidade da saúde do nosso corpo."
Pesquisadores dizem que a felicidade mais tem a ver com comportamentos do que com dinheiro.
"Não é que o dinheiro não seja importante, mas ele não determina a felicidade", afirma a psicóloga Helen Messias da Silva Guzmán, mestre em Ciências Humanas e professora e supervisora da Clínica da Unicesumar. Uma pesquisa feita com ganhadores de loterias nos Estados Unidos comprova que o dinheiro não é a chave para ser feliz. Nos primeiros 6 meses após se tornarem milionários, o grau de contentamento dos novos ricos aumentou, no período seguinte o nível de felicidade voltou ao estado anterior. "O carro e a casa não são os maiores indicadores de felicidade. O que realmente interfere são as nossas ações e escolhas."
Os dois maiores expoentes na última década da Ciência da Felicidade, os psicólogos Martin Seligman e Sonja Lybomirsky, autores de livros sobre o assunto, afirmam que é possível ensinar alguém a ser feliz ¿ sem autoajuda. Em Harvard, cursos de graduação incluíram a disciplina de Felicidade na grade curricular e exercitam os alunos a desenvolver uma das raízes da felicidade: a gratidão.

Três pilares e genética
Prazer, engajamento e sentido da vida foram três características comuns entre os mais felizes, em uma pesquisa científica mundial feita por Seligman, professor da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos. Ter prazer, conseguir realizar-se no que faz e se descobrir útil para a humanidade são o início do caminho para a busca da felicidade. Os mais felizes também são mais comprometidos no trabalho, na família ou no casamento e entendem que a vida tem um sentido maior. É aí que entra a espiritualidade. "Pessoas com atividade religiosa e mais fé têm possibilidade maior de saúde, o que interfere na felicidade", comenta Helen.
Pós-doutor em Teologia, Luiz Alexandre Solano Rossi afirma que a religião é um dos instrumentos importantes na influência do nível de felicidade. "A fé faz com que o fiel consiga se colocar diante das contradições do cotidiano de forma esperançosa."
A genética também interfere no nível de felicidade. Depressão, transtorno bipolar e esquizofrenia não tratadas comprometem o grau de contentamento da população com pré-disposição hereditária.

Economia
Dentre os motivos mais citados para a felicidade na pesquisa feita em Maringá, o amor aparece com mais frequência nas respostas da população jovem. Os entrevistados que elencaram aspectos econômicos ¿ emprego, crédito e renda ¿ como determinantes da felicidade conseguiram um emprego novo ou entraram no mercado de trabalho pela primeira vez. "Nesses 5 anos de estudos, a situação econômica nunca apareceu no topo das respostas", lembra Dias.
Mesmo diante de crises que abalaram a economia, o Índice de Felicidade em Maringá se manteve no patamar dos 8 pontos. A metodologia aplicada no município precisou ser adaptada porque até então a aplicação era limitada a países. Segundo Dias, Maringá foi a primeira cidade que passou a aferir a felicidade dos moradores mensalmente.

http://www.odiario.com/cidades/noticia/763317/90-dos-maringaenses-se-consideram-felizes/