O peixe é considerado um dos alimentos mais saudáveis usados na alimentação humana. Além de altamente proteica sua carne é de fácil digestão e rica em vitaminas principalmente A, B1, B2, B6, C, D e E.
Aliado a isso possui elementos minerais vitais para a saúde humana, como o sódio, ferro, cobre e zinco, entre outros. Em algumas espécies de peixes se encontra grande quantidade de ômega 3, que é um ácido que ajuda a reduzir as taxas de colesterol, diminuindo a incidência de doenças cardiovasculares, atuando na regeneração de células nervosas, no combate à depressão e distúrbios do sono, além de diminuir o risco de desenvolvimento do Mal de Alzheimer, demência e cansaço mental.
O bacalhau, por exemplo, possui apenas 1% do peso da carne na forma de gordura e a maioria dos peixes armazena gorduras insaturadas (aquelas que melhoram o "colesterol bom" e reduzem o "colesterol ruim"). Em geral o peixe pode ser consumido por pessoas de qualquer idade, incluindo crianças a partir dos 6 meses de vida, desde que não haja alergia à carne, o que raramente acontece.
Em países evoluídos é usado na merenda escolar, na forma de fishburguer, donuts, kibe de carne de peixes... Já que estamos na quaresma e se o peixe é tão bom para a nossa saúde, logo vem a pergunta: como anda o consumo de peixes no Brasil e em especial na região de Maringá?
Aí é que vem a decepção. Considerando-se as diferenças regionais, o consumo anual domiciliar per capta no País é de cerca de:
24,667 Kg/hab/ano na Região Norte
4,973 Kg/hab/ano na Região Nordeste
2,171 Kg/hab/ano na Região Sudeste
1,783 Kg/hab/ano na Região Sul
1,360 Kg/hab/ano na Região Centro-Oeste.
O Sul maravilha, incluindo aí o Paraná, tão desenvolvido em alguns aspectos, é um dos Estados onde menos se consome pescado. Inclui-se aí a nossa querida Maringá onde esse consumo é de apenas 4 quilos/ano, incluindo domicilio, pescaria e restaurantes. A média brasileira também é baixa, cerca de 9 quilos, levando Governo Federal a realizar campanha com o objetivo de elevar o consumo a 12 quilos/ano.
Mote da campanha: "Pescado. Dá água na boca e faz bem pra saúde". Se a Igreja deixar de aconselhar os católicos a trocarem a carne em geral pela de peixe na Quaresma esse número cairá ainda mais. Ou seja, o maringaense gosta mesmo é de costela, picanha, "espetinho de gato", cachorro-quente... Passa longe do pescado.
Além da falta de hábito, outro motivo para o baixo consumo é o alto preço do peixe em nossa região. Com exceção da sardinha a maioria dos peixes tem preço muito alto, desestimulando o consumo. Além disso, segundo pessoas de renda mais baixa, o peixe "rende pouco", valendo mais a pena investir em um quilo de carne moída de segunda que de tilápia, por exemplo.
Em Maringá é possível encontrar uma grande variedade de peixes tanto em peixarias como nos mercados. Peixes de água doce, mar, pisciculturas, estão à disposição da família maringaense, que, entretanto parece refratária ao consumo do produto. Dos peixes vendidos em nossa cidade gostaria de comentar sobre dois deles; um é o panga ou panguassu, importado do Vietnã e que chega a
Maringá com preço bastante acessível (um terço do preço da tilápia e um quarto do valor do pintado). Como é possível esse produto vir de tão longe, milhares de quilômetros de distância, e chegar a
Maringá com o preço que é praticado? Se for colocado o nome panga no Google veremos uma série de denúncias sobre a maneira que esse peixe é criado na Ásia e, como consequência, estaria contaminado com altos níveis de venenos e bactérias nocivas à saúde humana! Com a palavra as autoridades sanitárias brasileiras.
Outro peixe interessante é o peixe-prego, servido em alguns
restaurantes da culinária japonesa na forma de sushis e sashimis.
Chamado popularmente de anchova negra é rico em óleos, podendo
provocar, se consumido exageradamente, distúrbios intestinais. Apesar
de delicioso vale a recomendação: consuma com moderação...
Gilberto Cezar Pavanelli
Professor da Universidade Estadual de MaringáUEM e pesquisador
do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)
http://www.odiario.com/opiniao/noticia/730377/maringaense-come-pouco-peixe/