Calouros da Universidade Estadual de Maringá (UEM) foram recepcionados ontem pelos veteranos com farinha, ovo e tinta. No primeiro dia de aulas, cursos organizaram trotes em frente à instituição e no estacionamento do Ginásio Chico Neto.
Os novatos que toparam as brincadeiras tiveram de ajoelhar, tirar os tênis, deitar e fazer juramento de obediência aos veteranos - tudo isso com lama pelo corpo, ovo e farinha no cabelo, além de tinta e batom no rosto.
Douglas Marçal
Estudantes passam por trote; veteranos dizem que calouros gostam
"Eles gostam e esperam por isso no primeiro dia de aulas", disse a veterana Amanda, do segundo ano de Enfermagem, que usava um megafone para falar com as calouras.
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No câmpus, o trote é proibido há mais de 10 anos. Apesar disso, "alguns cursos têm feito", segundo o diretor de graduação da UEM, Eduardo Radovanovic. A universidade formou uma comissão para coibir recepções violentas.
"O problema é que há alunos que não estão acostumados a beber e são coagidos a fazer isso. O aluno que passou por um processo de seleção concorrido não pode chegar na UEM em clima frio, como se fosse um dia qualquer na vida dele, mas tem que ser algo de comum acordo entre os estudantes." Durante o trote de ontem, por exemplo, alguns novatos foram convencidos a ingerir bebida alcoólica.
Na tentativa de abolir ações violentas, a instituição decidiu premiar com R$ 3 mil o curso que fizer a melhor recepção solidária. Vale plantar árvores, ajudar creches, escolas e asilos, arrecadar alimentos e doar sangue. Para concorrer ao prêmio, os cursos precisam entregar relatórios das ações feitas durante as 2 semanas – a contar de ontem.
Com o prêmio, o curso vencedor pode pagar aluguel de ônibus para uma viagem, comprar material escolar e esportivo, por exemplo. "Ao longo dos anos, a ideia é que o concurso possa substituir o trote realizado fora da UEM", explicou Radovanovic. Cursos que fizerem trotes violentos serão desclassificados.
Os cerca de 80 calouros de Direito matutino também receberam as boas-vindas dos veteranos à base de farinha, mel, ovo e tinta. "Eles até perdem a timidez", disse Silvia Salgueiro, secretária do Centro Acadêmico do curso. No decorrer da semana, os estudantes farão um trote solidário, com plantio de árvores, visita a asilo e tour pela cidade.
Trotes violentos podem ser denunciados pelo 0800-643-4278. O serviço funciona 24 horas por dia. A ligação é gratuita..