Ao tentar uma vaga no curso de Engenharia Química da Universidade Estadual de Maringá (UEM), a estudante Camila Rosini Amorim, 17 anos, conseguiu um feito duplo: faturou nota máxima nas redações do vestibular de verão 2012 e da última etapa do Programa de Avaliação Seriada (PAS) da instituição.
Camila é deficiente auditiva, mas consegue se comunicar sem maiores problemas pela fala e por meio de sinais. A mãe, Rosângela Rosini Amorim, explica que a deficiência decorreu de uma rubéola que adquiriu quando estava grávida da garota.
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Destacando-se na prova de redação, Camila ficou a duas posições para ser chamada na lista de espera do vestibular. São 29 vagas na ampla concorrência, e a garota ocupa a 31ª posição.
Para a família, a aptidão da menina para os estudos não é novidade. As médias altas na escola sempre foram motivo de orgulho. Natural de Paranavaí (76 km de Maringá), no ano passado ela iniciou um trabalho de leitura de revistas e produção semanal de redações que acabou fazendo diferença nas hora das provas. Toda a dedicação, no entanto, não impediu que a família ficasse surpresa com o desempenho da garota nas provas de redação.
"Camila lia os periódicos de maior circulação no Brasil toda semana. Estava sempre atualizada. Ela é esforçada, concentrada e estudiosa. Ficava todos os dias até as 10 horas da noite debruçada sobre os cadernos. Mas não esperava uma nota alta dessas", comentou, espantada, Rosângela.
120
É a pontuação máxima nas
redações do PAS e do
vestibular da UEM,
atingida por Camila
Com a ajuda da mãe, que conversa com Camila por leitura labial, a estudante explicou que o desempenho não seria possível sem a ajuda do professor de redação do curso pré-vestibular.
"Eu fazia na sala de aula duas redações por semana. E tinha mais uma ou duas que eu fazia em casa para entregar depois", conta ela, que estudou até a 8ª série na rede pública de ensino e concluiu os estudos no sistema particular, em 2012.
Camila também sabe o que tirou-lhe a chance de entrar na universidade "de primeira": a prova de Língua Estrangeira no PAS. Ela conta que "faltou tempo" para os estudos, além de um pouquinho de sorte.
"Eram muitas questões para resolver num dia só. Tive que escolher
redação ou Inglês, já que o tempo da prova estava acabando. Então
escolhi terminar a redação e depois fui resolver a prova de Língua
Estrangeira", explicou.
Futuro
O
sonho pela profissão de Engenheira Química tem respaldo nas altas notas
que tira no colégio. Além da paixão pelas aulas de Química, Camila
gosta de Matemática. "Que eu saiba o engenheiro químico faz produtos e
análise de componentes e fórmulas", comenta.
A mãe de Camila conta que a filha ainda encontra dificuldades na hora de se comunicar, mesmo usando aparelho auditivo - equipamento que a acompanha desde os 2 anos.
Por isso, ainda analisa se vai deixá-la morar em um apartamento ou república em Maringá, caso seja convocada na 2ª chamada, ou se vai se deslocar diariamente de van. "Pela dedicação dela, acho que não vai ser difícil conciliar".
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